O sentimento de culpa

Acredito que ser mãe é viver eternamente com sentimento de culpa. Quando a Mônica nasceu, eu não senti amor incondicional no momento que a vi. Na verdade, quando me deram ela no colo para mamar pela primeira vez, achei tudo lindo e maravilhoso. O problema, acredito, são os hormônios da fase puerperal, que desmontam a gente e trazem o “baby blues”, ou tristeza pós-parto. Me sentia mal por não estar totalmente feliz com a chegada dela, e o sentimento que me acompanhava era a culpa. Passou após uns 20 dias.

Quando descobri estar grávida pela segunda vez, me preocupei em como faria para dar atenção à Mônica sem que ela sentisse ciúmes do irmãozinho que estava por vir. Mas aí soubemos que eram trigêmeos e a primeira preocupação que tive foi: como vou fazer para amar todos? Será possível amar todos igualmente? E lá estava o medo de não conseguir compensar e, novamente, a culpa.

O sentimento de culpa triplo

sentimento de culpa

Hoje, passados quase um ano e três meses do nascimento do meu trio lindo, me esforço muito para não deixar a mana mais velha de lado. Mas o que vem de novo é a culpa. Passo tanto tempo tentando dar atenção à ela para que não se sinta esquecida que muitas vezes vem de novo a culpa: coitadinhos dos meninos! Muitas vezes sinto pena deles por serem trigêmeos, não podendo curtir o papai e a mamãe individualmente, tendo sempre que dividir tudo. E novamente vem o sentimento de culpa me fazer sofrer. Será que estou conseguindo compensar o amor e a atenção entre os 3? E entre os quatro?

Tendo a ajuda dos meus pais por um ano e meio, com frequência me pergunto se estou terceirizando meus filhos. Principalmente agora que estamos passando esses dias aqui no sítio e tenho ajuda de minhas tias. Fico com o coração apertado. Adoro a ajuda que recebo. E preciso muito dessa ajuda. Mas elas é que estão tomando conta à noite, fazendo a comida das crianças, cuidando dos trigêmeos. Eu e meu marido estamos tomando conta somente da Mônica (de novo porque quero compensar) e acabo tendo a companhia do sentimento de culpa, novamente. Será que um dia conseguirei cuidar, educar, tomar conta, ensinar, viver somente com meus filhos e marido? Ou será que sempre precisarei da ajuda de babá, mãe e pai, parentes? Será que terei filhos mimados por isso? Cá está a culpa a me assombrar…

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5 comentários

  1. Avatar

    Vou falar como filha! Filha do meio, unica mulher!
    Sempre terão momentos que nós (filhos) pensamos: “a mamãe gosta mais do mano do que de mim; o papai brinca mais com o maninho do que brincava comigo”… etc
    Mas sabe Michele, eu nunca senti falta de amor, ora por um, ora por outro, minha infancia foi sempre cercada de carinho, assim como sei que tu dá aos teus e assim como eu pretendo dar aos meus, num futuro (distante, hehe)
    Tenho certeza que teus filhos, os 4, terão muito orgulho de ti por ser guerreira e tê-los criado, cuidado, amado cada um do seu jeito e no momento que precisavam. E, afinal, ter irmãos é ótimo… Eles com certeza terão muitas histórias pra contar, kkkk
    Beijos e Feliz Natal 🙂

    1. Michele Kaiser

      Obrigada, Marcela! Também tenho 3 irmãs e a gente “adorava” torturar minha mãe dizendo que ela gostava mais de uma ou da outra. Acho que por isso me preocupo em compensar…

  2. Avatar
    Tamires

    Olá!! Acho que vc não deve se preocupar com isso!! É nítido que vc é uma ótima mãe e super carinhosa e preocupada com seus filhos!! Te admiro muito, pois tenho apenas um filho, que hoje tem 10 anos e nunca pude dar atenção integral a ele…quando ele nasceu eu havia começado a faculdade e sempre trabalhei o dia todo, estudei a noite, e hoje ainda trabalho o dia todo…e pra ajudar… meu marido fica fora a semana toda…conto com ajuda de mãe, sogra, sogro, irmão, vó, tias, cunhada, primas…rsrsrs…e quando estou perto procuro fazer o melhor para agradar e educar…na esperança que um dia ele entenda que isso foi necessário…como eu entendo hoje…o quanto minha mãe ralou para educar a mim e ao meu irmão!! Abraço

    1. Michele Kaiser

      Obrigada pela força. É importante passar tempo de qualidade com os filhos. Também trabalho e às vezes me sinto culpada. Um beijo!!

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