Os trigêmeos da Elaine

Depois do diagnóstico de endometriose, foram três as tentativas frustradas de Fertilização In Vitro (FIV). Mas Elaine Mendonça Cerqueira, 38 anos, e André Cardoso Loffredo, 39, decidiram tentar a FIV pela quarta vez e tornaram-se pais de trigêmeos! Henrique, Eduardo e Gustavo completam 1 ano e 6 meses no próximo dia 18. O casal mora no Rio de Janeiro.

“Quando a Michele perguntou se eu queria contar a minha história no blog, aceitei na hora. E na viagem de metrô de casa ao trabalho, nos 20 minutos em que consigo parar um pouco para botar os pensamentos em ordem (além de dar uma arrumada na bolsa, responder whatsapps atrasados e ler alguma coisa), fiquei refletindo sobre como abrir o texto. Tanta coisa aconteceu desde que descobri a gestação de trigêmeos! Por onde começar? Eis que lembro de uma frase que sempre me faz rir, dita por uma amiga muito divertida: ‘A Elaine mórreu’ (sim, com essa entonação). Ela basicamente achou que eu fosse sumir em meio às pilhas de fraldas e nunca mais aparecer para rever os amigos.

Felizmente, e brincadeiras à parte, não foi bem assim. O Henrique, o Eduardo e o Gustavo já estão com 1 ano e 5 meses, e a minha cabeça continua no lugar. Voltei a trabalhar e de vez em quando até arrumo tempo para sair com o meu marido, André, ou encontrar as amigas e falar de mil assuntos, incluindo – mas não apenas – filhos. Porém, muita coisa mudou, sim. A nossa vida tranquila de casal, com passeios, jantares, viagens e cinema, passou a ter muito mais adrenalina, digamos assim, desde que o médico nos informou que havia três corações batendo na minha barriga.

Depois de algumas fertilizações infrutíferas, resolvemos fazer a quarta tentativa, já sem muita esperança de obter um resultado positivo. A minha ovulação era ‘fraca’ devido a uma endometriose nos ovários e, mesmo com todos os hormônios que injetava na barriga durante os tratamentos, o resultado de cada tentativa era de pouquíssimos óvulos. A nova FIV parecia que transcorreria do mesmo jeito, pois apenas três óvulos haviam sido coletados. Só que a partir daí a história começou a mudar. Os três fertilizaram, evoluíram e apresentaram condições de serem implantados. Como eu já tinha 36 anos, e devido ao histórico de tentativas frustradas, a decisão foi utilizar os três. Durante o período de aflição até fazer o exame de sangue, tentei não pensar muito no assunto e relaxar a mente. Mas no dia do beta o estresse bateu com tudo! Chorei muito de manhã, tinha certeza de que mais uma vez não havia dado certo. Depois de coletar o sangue, segui a minha rotina normal, indo para o trabalho, e combinei de ver o resultado apenas quando voltasse para casa, com o meu marido. Estava tão tristonha que, para me animar, nesse dia resolvi deixar a saladinha e o frango grelhado de lado e ‘enfiar o pé na jaca’ almoçando no McDonald’s. Nada melhor que fast food para aliviar as tensões! De noite, entramos no site do laboratório e mal acreditamos no resultado positivo. Vibramos muito e passamos a aguardar a ultra, que seria feita depois de 15 dias.

Foi aí que quase morremos de susto. Quando o médico disse que eram três bebês, o André praticamente perdeu o chão (por sorte eu estava deitada para o exame e ali fiquei, pasma). ‘Como assim?’, me perguntei. ‘Não tenho a menor condição de cuidar de três filhos!’, achei. Depois que saímos do consultório, as nossas reações foram completamente opostas. Fiquei bastante introspectiva, imaginando as dificuldades que estavam por vir. Acho que estagnei (os fortes enjoos e cansaço típicos da gestação colaboraram muito para isso). Já o André quis resolver tudo em um mês: qual carrinho comprar, como organizar a casa, quem contratar, e por aí vai. Ou seja, os dois ‘entraram em parafuso’. Mas os meses foram se passando e tudo se ajeitando em nossas mentes.

075

Elaine poucos dias antes do parto, grávida de 33 semanas.

A gestação transcorreu da melhor maneira possível, sem nenhuma intercorrência. A obstetra, uma médica muito dedicada, especializada em múltiplos, traçou a meta final de chegarmos à 34ª semana. E assim foi. No dia 18 de abril de 2014, às 8h28, segurei o Henrique nos braços. Em seguida, veio o Eduardo e, dois minutos depois, o Gustavo. Os pesos foram, respectivamente: 2220kg, 1740kg e 1880kg. Como nasceram bem, o André conseguiu levá-los até o berçário antes de seguirem para a UTI Neonatal. Houve pausa para fotos, filmagem e muita corujice por parte da família, que se amontoava atrás do vidro. Passamos 21 dias indo à maternidade, acompanhando o crescimento dos bebês. Durante esse tempo, aproveitamos a experiência da equipe de enfermagem para aprender, na prática, a trocar fraldas, dar banho, botar para dormir. No dia 8 de maio, levamos os três, juntos, para casa, a tempo do meu primeiro Dia das Mães!

O nascimento dos trigêmeos em 18 de abril de 2014.

O nascimento dos trigêmeos em 18 de abril de 2014.

A partir daí, foi muita ralação. Tínhamos a ajuda da família e de uma babá, que está conosco até hoje. Mas, ainda assim, parecia que não daríamos conta da difícil rotina de cuidar de trigêmeos recém-nascidos, com direito a muita choradeira, cólica, refluxo, etc. No fim de semana, ficávamos sem babá e formávamos praticamente um mutirão para cuidar dos três. Foi uma época turbulenta, dificultada por uma viagem a trabalho do André, que é comentarista de futebol e precisou cobrir jogos da Copa do Mundo em diferentes estados brasileiros. Foram 15 dias sem ele, mas todos sobreviveram. Depois de um tempo, conseguimos contratar babás para o fim de semana e resolvemos aumentar a nossa equipe de segunda a sexta também. A nossa decisão foi fazer um sacrifício financeiramente nesse início para manter a sanidade mental. Acredito que ninguém esteja 100% preparado para ter um filho, e três então, nem se fala! São muitas surpresas, um estilo de vida completamente novo, com percalços que não imaginamos lendo os livros e revistas especializados.

Mas podemos dizer que esta história é repleta de vitórias. Henrique, Eduardo e Gustavo estão ótimos, e são crianças muito amadas e felizes. De vez em quando a casa vira um caos, com os três chorando ou querendo algo que não consigo descobrir, mas há também momentos mágicos, quando todos estão em sintonia rindo e dançando, muitas vezes ao som de ‘Viva la vida’, do Coldplay, sucesso total entre eles. Hoje os meninos estão na creche, onde já fizeram alguns amiguinhos, e no fim de semana brincam na pracinha e passeiam na praia. Muitas pessoas já nos conhecem em Copacabana, bairro onde moramos, e de ‘Elaine Mendonça Cerqueira’ passei a ser a ‘mãe dos trigêmeos’. Mas, no fundo, gosto de pensar que continuo a mesma pessoa, só que com todas as dificuldades e alegrias inerentes à missão de cuidar de três bebês”.

20140930_091839

Elaine e André 07

Elaine e André 04

Elaine e André 02

Elaine e André 09

Elaine e André 08

Uma linda história de persistência e esperança! Parabéns aos papais Elaine e André! Muito obrigada por compartilhar a experiência de vocês conosco!

Você também tem trigêmeos e gostaria de contar sua história? Escreve para mim: ostrigemeosdamichele@gmail.com. Até mais!!

6 comentários

  1. Avatar
    Viviane

    Linda historia, lindos filhos, lindos pais… parabéns…

  2. Avatar
    savia

    Criancas lindas. abençoadas por Deus.

  3. Avatar

    Muito legal esse post e recordar toda a história!
    Parabéns a família.
    Beijos do tio!

  4. Avatar
    Mariane

    UAUUU!!! ”…Mas no dia do beta o estresse bateu com tudo! Chorei muito de manhã, tinha certeza de que mais uma vez não havia dado certo. Depois de coletar o sangue, segui a minha rotina normal…” Inevitáveis lágrimas correram pelo meu rosto! Que família linda, que bebês lindos!!! Com certeza eles mudam nossa vida para muitoooo melhor! Abç

  5. Avatar
    maria neusa

    Parabéns linda historia… que Deus de sempre forças para vocês.

Deixe seu comentário