Eram 13h e eu teria que sair para trabalhar às 13h45. Queria passar um tempinho divertido com meus trigêmeos (a Mônica já havia ido para a escola com o papai). Resolvi descer para o pátio fechado do condomínio para brincar um pouquinho, já que eles precisam tomar sol. Mas, ao invés de nos divertirmos, precisei dar bronca em múltiplos!

Meus filhos vivem em uma panelinha em casa. Eles estão sempre juntos. Brigam juntos, brincam juntos, comem juntos, vão dormir juntos. Em termos de amizades, eles se bastam. Quando vamos à algum lugar para interagirem com outras crianças, eles não dão abertura, querendo sempre ficar juntos. A falta de socialização com outras crianças é um dos motivos para que eu tenha decidido matricular os meninos em turmas diferentes na escola para o ano que vem.

Hoje, naquele horário que eu desci com eles, tudo estava bem. Eles estavam brincando no escorregador e na casinha que tem no pátio do condomínio, até que chegou um menino mais novo. Eles mal olharam para o menino e começaram a xingar. Disseram para o menino que ele não podia brincar com o balanço, no escorregador ou na casinha. Corriam em direção ao menino, dizendo “o menino não pode”. Achei aquilo um absurdo.

Como ser eficiente ao dar bronca em múltiplos?

Sempre que eu preciso falar sério com a Mônica, eu me abaixo à altura dela para olhar olho-no-olho. Falo o que preciso dizer, ela me dá uma confirmação de que entendeu e eu me levanto. Ela entende e obedece muito bem. Mas como eu posso ser eficiente assim quando preciso dar bronca em múltiplos?

Precisamos ter calma, não gritar e explicar de um jeito simples. Eu geralmente faço a mesma coisa com eles como faço com a Mônica. Me abaixo, falo olhando olho-no-olho. Mas preciso ir explicando para os três e desviando o olhar de um e olhando para o outro. Eu explico, com poucas palavras, o que eles fizeram de errado com uma voz mais forte. Ainda assim, é difícil fazê-los olhar para mim enquanto eu falo com eles sobre seus erros.

No caso que aconteceu hoje, me abaixei lá no pátio e disse para eles que era muito feio brigar com o menino. Disse que eu tinha levado eles no pátio para brincar e não brigar. Enfatizei essas duas palavras. Eu disse que, se eles não parassem de brigar com o menino, iríamos para casa. Dei uma chance, mas eles continuaram sendo mal-educados com o menino. E, para mim, não existe coisa mais feia que criança mal-educada.

Foi aí que eu fiz uma coisa que nem sempre faço, infelizmente: cumpri o que prometi. Me abaixei de novo e disse: “vocês brigaram com o menino de novo e, por isso, vamos embora”. Peguei Marcelo pela mão direita e Matheus pela mão esquerda e comecei a caminhar rumo ao hall do nosso prédio. Mandei o Murilo vir. No pátio não passa carro então é seguro eu sair caminhando com dois e deixar o outro para trás. Chamei mais uma vez e ele ficou chorando, dizendo que não ia vir. Quando ele viu que eu não voltaria, se assustou e veio.

Dar bronca em casa

Foto para o post antes da bronca.

Eu, com uma cara bem feia, mandei os três entrarem no elevador. Quando chegamos no apartamento, eles ainda estavam resmungando e choramingando dizendo que queriam ir para o pátio. Coloquei os três encostados no sofá, tirei essa foto e expliquei: “Vocês brigaram com o menino e isso não é certo. A mamãe disse que se vocês brigassem nós viríamos para casa. Vocês brigaram e é por isso que voltamos. Nós só vamos de novo lá para o pátio se vocês não brigarem mais com o menino”. Eles ficaram quietos. “Vocês entenderam? Não pode brigar com as outras crianças. Tudo que está no pátio é de todo mundo e todos podem brincar”.

Seguiu-se um silêncio. O Matheus foi o primeiro a se manifestar: “Eu vou ser amigo do menino. Eu deixo ele brincar no escorrega”. Murilo disse: “O menino pode brincar na casinha, eu vou deixar”. O Marcelo disse: “Eu não quero ser amigo do menino. Ele não pode brincar no meu brinquedo”. Aí o Murilo falou: “a mamãe vai ir no pátio só com o Murilo e o Matheus. A mamãe não vai levar o Marcelo. Tem que ser amigo”. Aí o Marcelo finalmente entendeu e disse que ia ser amigo do menino.

É muito difícil conseguirmos controlar as vontades, birras e manhas de três crianças que estão passando por todas as fases ao mesmo tempo. Mas hoje eu confirmei a teoria de que temos que ter o pulso firme e não podemos amolecer. Temos que cumprir com nossas promessas. Se dissemos que não, temos que manter nossa resposta para eles entenderem o que é certo e o que é errado. Mesmo que isso dê mais trabalho para a gente.

Até mais!