O dia em que a mamãe levou um susto

A mamãe levou um susto! Eram 7h30 da manhã de sábado. Meu marido e eu estávamos tomando café da manhã conversando muito baixinho para não acordar as crianças. Eles sempre levantam às 7 horas, mas neste dia ainda não tinham se acordado. Felizes por eles dormirem até mais tarde, caminhamos pé por pé até a cozinha para não acordá-los. Fechamos a porta do corredor que leva aos quartos e fechamos também a porta da cozinha.

mamãe levou um sustoDe repente, ouvi um grito assustado. Meu marido e eu nos olhamos e corremos para o quarto deles, atropelando um ao outro e nos batendo para abrir as portas. A cena que vi foi chocante para mim. Marcelo e Murilo estavam em cima da cama do Matheus, dando risada. Matheus estava deitado. Os irmãos estavam tapando o rosto dele com uma cobertinha azul.

Empurrei Marcelo e Murilo de cima do Matheus e peguei ele no colo. Apavorado, assustado, ele chorou gritando. Levei-o para a sala para acalmá-lo. Não conseguia processar na minha mente a imagem que tinha visto. Eu tinha visto meus filhos quase sufocarem seu irmão? Eu tinha presenciado um quase acidente? Isto era grave?

Depois de se acalmar, Matheus me contou o que acontecera. Ele disse que estava dormindo e que os manos o chamaram. Queriam que ele acordasse. Disseram que já estava claro e, por isso, era hora de acordar. Ele disse que não queria acordar e os dois começaram a brincar de pular por cima dele na cama. Os dois juntos, cúmplices, brincaram de esmagar o irmão. Sem a menor ideia de que podiam tê-lo asfixiado à morte. Sem perceber o quão sério e perigoso era o que estavam fazendo.

Minha reação depois do susto

Tentei agir naturalmente, acalmá-lo. Mas eu estava mesmo tentando era me manter calma. Esperei passar alguns minutos e chamei Marcelo e Murilo, que não tinham entendido nada da situação, para conversar. Sentados no chão da sala com a cobertinha na mão, expliquei aos dois que o que eles tinham feito era perigoso e muito sério. Eu disse que não os estava xingando, disse que estava explicando que aquilo que eles tinham feito era perigoso porque o maninho podia parar de respirar e não respirar nunca mais. Que o maninho, daquele jeito, não ia mais acordar porque as pessoas precisam respirar para viver.

A reação deles foi de brincadeira. Imitaram o que eu disse e ficaram repetindo, me arremedando. Saíram correndo pela sala dando risada e repetindo o que eu tinha falado. Eu repeti: “acho que vocês não entenderam. O que a mamãe explicou é sério e a mamãe ficou preocupada”. Eles continuaram rindo e não deram a menor atenção à mim.

Me vi sentada no chão da sala sem saber o que fazer. Como a gente faz para uma criança entender que uma brincadeira é perigosa? Como a gente explica para um filho que se ele sufocar, esganar, tapar o rosto do irmão, o irmão pode morrer? Como fazer eles entenderem que aquilo era sério? E como explicar a eles de uma maneira que não surja o efeito contrário? Criar um caso em cima do fato pode fazer com que eles tenham ainda mais curiosidade e resolvam, de propósito, tentar de novo. Como eu posso fazer para monitorar este comportamento para que não se repita?

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Uma coisa é a gente explicar que bater ou morder o irmão ou irmã é feio, falta de educação. Machucar outra criança é muito feio. A gente ensina, mostra, explica, ameaça que se fizerem aquela coisa errada de novo não vão mais ganhar algo que queiram… Este mês já peguei o telefone e fingi que cancelava a festa de aniversário deles e ganhei muita obediência em troca. Fingi ligar para a casa de festas de novo e remarcar a festa. Foi uma chantagem ridícula de minha parte, mas surtiu efeito. Mas como vou usar este tipo de ensinamento com relação à uma coisa tão séria? Afinal, se eles fizerem de novo, podem acabar realmente sufocando o irmão. Dois contra um é desvantagem.

Bom, serve de alerta para mim e para vocês. Por mais que a gente esteja sempre de olho, criança está sempre em perigo. Quando contei isto à algumas amigas, elas me disseram que desde que os filhos começaram a engatinhar, elas mantêm as portas dos banheiros trancadas com medo de que as crianças vão se afogar no vaso sanitário. Uma conhecida, que também é mãe de trigêmeos, me contou que colocou câmeras de segurança em todos os cômodos da casa.

Mas, mesmo assim, os riscos existem e a gente pode ser surpreendido. No momento que aconteceu o fato aqui em casa, eu pensei que meus filhos estavam dormindo. Mesmo que tivesse visto pela câmera que dois estavam em cima do terceiro, podia não ter chegado no quarto a tempo de salvá-lo. Afinal, cinco minutos antes eu tinha espiado os trigêmeos e encontrado os três dormindo em suas camas.

Ser mãe é realmente ter uma preocupação atrás da outra. E ser mãe de uma turminha sapeca, então? Tem que estar sempre ligada! Fica o alerta para quem tem mais de um filho: não dá para deixar de conferir o que estão fazendo. Espero que isto nunca volte a acontecer. Até mais!

4 comentários

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    Michelle

    Puxa Michele! Também não sei como agir. Aqui também já aconteceu isso mas com um almofada. E minha reação foi de tanto pavor que acabei brigando com o mais velho e perguntei se ele queria machucar o irmão ou matá-lo. Acho que agi mal mas na hora não pensei, foi uma reação irracional que tive. Quando me acalmei fiz como você e expliquei o que acontecia. Graças a Deus não voltou a acontecer mas não sei se de fato ele entendeu a gravidade. Meu filho tem a idade dos seus. Também gostaria de saber como fazer para que entendam quando algo é realmente grave ou importante.

    1. Michele Kaiser

      Muito difícil fazê-los entender. Que bom que foi só aquela vez. Um beijo!

  2. Avatar
    Nathiana

    Nem tudo está sob nosso controle, Michele.
    Temos que estar de olho e acreditar que vai dar tudo certo! Bjs

    1. Michele Kaiser

      Você tem razão… Obrigada pelo apoio! Beijos!

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