Os trigêmeos da Carolina

A gaúcha de Novo Hamburgo Carolina Seidl Silva Meyrer, 37 anos, e o marido Lucas Frederico Meyrer, 36, precisaram recorrer à fertilização in vitro (FIV) para ter seu primeiro bebê, Frederico, que hoje tem 4 anos e meio. Da vontade de ter mais filhos veio a preparação para um novo tratamento, mas não precisou nem ser começado. “Parei de tomar anticoncepcional para iniciar o segundo tratamento, porém a menstruação nunca veio. Engravidei de trigêmeos naturalmente, enquanto esperava para iniciar o novo processo de FIV. Na clínica eles disseram nunca ter visto caso semelhante”, conta Carolina. Leia a seguir a história completa!

trigêmeos da Carolina

“Para ter o primeiro filho, tentamos por 2 anos naturalmente, até procurar uma clínica de fertilidade. Ali, com exames mais específicos, descobri endometriose profunda (não tratável com cirurgia), trompas disfuncionais e baixíssima reserva ovariana. Primeiro fiz um tratamento hormonal para diminuir ao máximo os focos de endometriose para só depois tentar a primeira feritilização. A primeira não deu certo e meu mundo quase desabou. Foi terrível depositar esperanças e não funcionar. Mas não desistimos, e na segunda FIV veio o Fred.

Por ter baixa reserva ovariana, eu nunca conseguia um número alto de óvulos para serem fertilizados. Na primeira tentativa foram só dois, que foram fecundados e transferidos. Mas esses não deram certo. Na segunda, foram só dois novamente. E essa deu certo para um deles e hoje tenho o Frederico. Mas esses três que eu perdi, nunca fiquei tranquila com isso. Sempre pensava quem seriam… me sentia feliz por ter o Fred, mas com um sentimento de perda dos outros.

Enquanto esperava pelos tratamentos, e durante os anos de tentativas, eu tinha um mantra que vivia repetindo para mim. Eu dizia: “Senhor, eu vou amar todos os filhos que me mandares!” Acho que ele me ouviu, e naturalmente me deu de volta aqueles 3 que eu havia perdido!

A descoberta da gestação trigemelar

Queríamos o segundo filho. Adoramos ter o primeiro e logo decidimos ter mais um. Como eu precisei de fertilização in vitro para ter o primeiro, procuramos a mesma clínica de reprodução e refiz todos meus exames. Continuava com problemas e por isso iríamos fazer o tratamento novamente. Eu parei de tomar anticoncepcional e estava esperando a primeira menstruação para iniciar o ciclo hormonal.

Como eu emendava uma cartela na outra, a médica disse q a menstruação poderia levar 60 dias para vir. Por isso eu não estava nem um pouco preocupada. Mas com 55 dias, acabei fazendo um teste. Só para ter certeza, pois no dia seguinte eu faria um exame com contraste e não poderia fazer se estivesse grávida. Lembro que comprei o teste mais barato da farmácia, porque não queria gastar dinheiro com isso, já que as chances eram praticamente zero! Jamais imaginei ser possível que eu engravidasse naturalmente. Mas veio positivo! Fui correndo fazer um Beta HCG (exame de sangue para confirmar a gravidez) e o beta deu 40 mil!! Ainda assim não acreditei!

Fui pesquisar na internet se haviam outras coisas que poderiam fazer o beta subir tanto. E existem varios tipos de câncer! Acabei ligando para a clínica de fertilização e contando. Eles me pediram para ir no dia seguinte fazer uma ultrassonografia. Fomos eu, meu marido e o Fred, que na época tinha 1 ano e 8 meses. Na hora o médico disse: “parabéns, são gêmeos”! Eu não conseguia acreditar! Como assim grávida naturalmente? Nem me apavorei que seriam gêmeos. Só não conseguia acreditar que estava grávida. Achava que tinha algo errado.

E então ele começou a fazer uma cara muito estranha, e eu disse: “Ai, doutor, eu sabia q tinha algo errado. Eu não posso engravidar sem tratamento”! E o médico me disse: “Não tem nada errado aqui, na verdade está tudo certo demais. Não são dois, são três!” Na hora não conseguia entender o que ele estava falando. Como assim três? Três bebês? E são perfeitos? Ou são ‘pedaços de bebês’. Eu parecia uma tonta! Não estava raciocinando direito. Tiveram que me levantar, depois sentar. Tive dor de barriga e precisei ir ao banheiro. Me trouxeram chá para me acalmar. Mas,na realidade, estava tudo bem, os corações já estavam batendo e já estava em quase 7 semanas de gestação. Meu marido levou um susto também! Não conseguiu voltar a trabalhar naquele dia. Fomos para a casa dos nossos pais e contamos para eles no mesmo dia. Eu achei que fossem ficar apavorados, mas o sorriso de incredulidade e felicidade deles é algo que jamais vamos esquecer.

A gestação

Eu estava grávida de três bebês, dois meninos idênticos (Antônio e Valentim) e uma menina univitelina (Isabela). Ainda com 8 semanas, tive um sangramento leve, mas foi só um susto. Já com 20 semanas, entrei em repouso relativo por orientação do médico. Era preventivo, já que estava tudo bem com os bebês. O difícil era não poder dar colo para o Fred, que notava nosso nervosismo com a situação. Com 26 semanas tive uma perda leve de líquido. Fomos para o hospital e acabei internada até o nascimento, 15 dias depois. Nesse período fiz tudo que precisava para preparar os pequenos para um parto prematuro, que acabou acontecendo quando eu estava de 29 semanas e 1 dia.

O parto prematuro aconteceu porque na divisão da placenta, Antônio ficou com um porção menor. Então seu cordão umbilical era mais estreito. Chegou uma hora da gestação que o suporte de oxigênio para ele ficou escasso. Então a cesárea foi de emergência. Ele estava entrando em sofrimento fetal. Sorte que eu estava dentro do hospital e sendo monitorada.

Então, no dia 6 de dezembro de 2016, Valentim nasceu com 1,260kg e 40cm, Antônio com 1,080kg e 36cm, e Isabela com 1,227kg e 38 cm. O Valentim e a Isabela ficaram 45 dias na UTI neonatal. A evolução deles foi ótima. Já o Antônio ficou 52. O quadro dele era o mais delicado. Ele teve uma hemorragia intraventricular grau 2 que evoluiu para grau 3. Ele passou a desenvolver quadro de hidrocefalia. Ele teria indicação de colocar uma válvula para drenar o líquido da cabecinha, mas ele não tinha peso suficiente para sobreviver à cirurgia. Foi o período mais tenso da minha vida.

trigêmeos da Carolina

Os médicos decidiram por algo inovador, fazendo 3 punções lombares para tentar tirar o sangue dos ventrículos e com isso liberar a passagem do líquor (substância que circula na medula espinhal). Era uma tentativa, e me agarrei à ela com todas as minhas forças. Nunca rezei tanto e com tanta fé como naquele primeiro mês de vida dos trigêmeos. Deu certo! Graças à Deus funcionou! Porém, os neurologistas do hospital e o pediatra nos avisaram que esse tipo de hemorragia deixa sequelas. Vivemos o primeiro ano inteiro comparando (mesmo sabendo que não é legal fazer isso) o desenvolvimento do Antônio com o dos irmãos! E acredita que ele não teve NADA?! Agora no final do ano passado descobrimos q ele precisa de óculos, mas muito provavelmente seja em decorrência da prematuridade. Ele fez acompanhamento com neurologista por dois anos e foi liberado!!! Nosso milagre!️

 O dia a dia com trigêmeos

Me mudei para a cidade dos meus pais e sogros para ter ajuda. No primeiro ano, tinha uma pessoa que me ajudava pela manhã, e outra que dormia aqui em casa. Minha mãe e sogra me ajudavam muito também, além das tias e cunhadas. No segundo ano fui obrigada a ir atrás de mais ajuda. Dispensei a da madrugada e contratei mais duas pessoas durante o dia. Uma que cuida da casa e faz comida (ela já está na família há 30 anos, e cuidou de mim quando era pequena), outra que fica de manhã e outra que vem na metade da tarde e fica até 21h. Isso tudo de segunda a sexta. Sábados e domingos sempre foram com a gente! Babá noturna tenho somente aos domingos. Eles estão com 2 anos e 5 meses.

Sempre sonhei em ser mãe! Nunca imaginei que teria dificuldade para engravidar e muito menos que teria 4 filhos! Mas adoro um desafio! E adoro ser mãe! Sou completamente realizada! E cansada, claro! (risos) Mas não troco essa vida por nada! Sou eternamente grata por ter todos os meus filhos comigo, e com saúde!”

trigêmeos da Carolina

Que surpreendente a história da Carolina! Você pode seguir a família pelo instagram @fredeostrigemeos!

Você também tem trigêmeos e gostaria de contar sua história aqui? Envie um e-mail para contato@ostrigemeosdamichele.com.br e eu te explico o que fazer. Até mais!

2 comentários

  1. Avatar
    Amelia Sthephson

    Com 23 anos vim morar em Boston, nos Estados Unidos, com meu pai, minha mãe e meu irmão mais novo. Nos mudamos devido ao trabalho do meu pai (diplomata).
    2 anos depois conheci o Andrew, começamos a namorar e 3 anos depois nos casamos.
    Sempre falávamos sobre filhos, era meu maior sonho. Em 2014 resolvemos começar a tentar, tentamos por 1 anos e meio e nada. Quando começamos a procurar por uma clínica de fertilização veio a surpresa: Grávida.
    Fizemos mais de 5 testes de farmácia e simplesmente nao acreditávamos.
    Tive a primeira consulta com um obstetra alguns dias depois, descobrimos que estavamos com 7 semanas, e ainda era muito cedo para ouvir o coração do bebê.
    4 semanas depois voltados e descobrimos a trisurpresa. A ficha demorou a cair, mas depois que ouvimos três corações batendo, já amava imensamente aqueles nenens.
    Eram 2 meninas univitelinas e 1 menino. Muita alegria.
    com 24 semanas tive um descolamento de placenta e tive que fazer repouso absoluto. Só me levantava para ir ao banheiro, tomar banho e ir ao obstetra.
    Engordei 18 kilos e tive pressão alta na gravidez. Tinha consultam semanalmente para checar os bebês. A meta era ir até as 30 semanas.
    Preparamos um lindo quartinho com tema de sol, todo amarelinho e cheio de quadros lindos. Escolhemos os nomes com muito carinho: Victoria Rosie, Stella Casey e Henry Kaden.
    Com 32 semanas tive um pico de pressao alta e fui parar no hospital, meu estado ficou crítico e fui entubada as pressas, não podiam fazer o parto pois nao era seguro uma cirurgia para mim naquele momento. Algumas horas depois fui estabilizada e fizeram a cesariana e nasceu primeiro a Victoria com 1,280kg depois Stella com 1,350kg e por ultimo Henry com baixo peso por deficiência nutricional com 970 gramas. Os três foram imediatamente para UTI NEO. As meninas eram mais estáveis e só precisavam ganhar peso. Ja Henry era mais crítico, seus pulmões mal funcionavam…
    Victoria e Stella ficaram 24 dias internadas e tiveram alta. Henry com 45 dias internado adquiriu uma bacteria e perdeu muito peso, chegou aos 750 gramas. E Infelizmente com 50 dias meu menino seu foi.
    Hoje Victoria e Stella estão lindas e saudáveis. E agora só fica a saudade do nosso pequeno guerreiro Henry Kaden Sthephson .

    1. Michele Kaiser

      Oie! Você gostaria de contar a sua história no blog? Manda um email para contato@ostrigemeosdamichele.com.br

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