Bater não é a solução

Nesse fim de semana me deparei com uma situação que me fez refletir. Depois de um dos meus filhos ter feito uma malcriação, uma pessoa mais velha da minha família me disse, ainda que sutilmente, que no “tempo dela” isso seria solucionado com uma “palmada corretiva”. Naquele momento, algumas lembranças de minha própria infância (minha época) me vieram à memória e me fizeram ter certeza que bater não é a solução para educar bem.

Minha mãe nunca me bateu. Nunca. Meu pai até me deu palmadas corretivas. Muito poucas. Mesmo assim, ele mais nos assustava do que realmente nos batia. Mas era senso comum, na época, que bater nos filhos era a melhor correção, a melhor maneira de fazê-los aprender e a melhor maneira de corrigir um comportamento errado. 

Antes de me tornar mãe, talvez eu até achasse que birra poderia ser corrigida com uma palmada corretiva. Mas depois de ter de fato me tornado mãe, mudei meu pensamento. Certa vez, em um momento de muita desobediência e stress, gritei e bati em um dos meninos. Minha mãe viu e, mais tarde, me repreendeu (vó é vó, né). Naquele mesmo dia, o menino que tinha apanhado de mim ficou frustrado com alguma coisa e me deu um tapão na cara. Quando eu disse para ele que bater era muito feio, minha mãe me disse: “se a mãe bate nele, por que ele não pode bater na mãe?”. Minha mãe tinha razão, é exatamente assim que ele, aos 2 anos, vê as coisas. Viu a mãe frustrada com algo que ele havia feito e o resultado foi a mãe bater nele. Quando ele estava frustrado, o resultado era o mesmo: bater na mãe. Será que era isso mesmo que eu estava querendo ensinar aos meus filhos? Que bater é a solução para os problemas?

Não, bater não é a solução!

Aquilo me fez pensar que não, bater não é a solução e mudou minha atitude com relação a eles. Bater não é uma forma de educar. Depois de bater no meu filho, senti dor e culpa. Vi meu filho chorando, com a marca da minha mão em sua bundinha (bati na fralda) e quis morrer. Como eu fora capaz de causar aquele mal ao meu próprio filho? Nunca mais bati em ninguém e desde então defendo que nenhum pai, responsável ou educador faça qualquer coisa parecida. Precisamos ser bons exemplos para eles e as nossas atitudes são muito mais observadas do que nossas palavras.

bater não é a solução

Matheus levando bronca.

Há muitas outras formas de educar sem violência física. Conversar, explicar, premiar bom comportamento e ignorar o ruim, colocar em castigos que não envolvam desmoralização são boas opções. Particularmente eu gosto de me abaixar à altura deles, olhar no olho e dizer “não” enfaticamente, explicando o erro. Gosto de conversar e me esforço para construir uma relação de confiança, amor e respeito, por mais difícil que isso possa ser com quatro filhos.

A violência física é detestável, mas também existe a violência verbal. Por mais que nos esforcemos, muitas vezes gritamos com nossos filhos, certo? Claro, eles às vezes tiram a gente do sério. Bem, se conseguirmos nos concentrar e pensar duas vezes antes de bater ou gritar, certamente não o faremos. Porque sabemos que violência gera violência e que amor multiplica amor. Que tal usarmos nossa energia para refletirmos sobre isso e buscarmos maneiras mais efetivas de educar e ensinar nossos filhos?

O filho é seu. A decisão final é sua. Até mais!

29 comentários

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    Jenifer

    Parabéns pelo post!! Nao tenho filhos mas tenho sobrinhos!! Abriu meus olhos pra esse assunto!! “Violência gera violência, amor multiplica amor!”
    Amo seu blog!! ♡

    1. Michele Kaiser

      Obrigada pelo carinho, Jenifer!

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    maria

    Nossa muito bom seu texto li exatamente o que estava precisando ouvir pois tenho um bb de 1 e 4 meses ele é bem agitado e acabo perdendo a paciência e sempre dava uma palmada de leve nele mas, agora agirei deferente obrigada!!!

    1. Michele Kaiser

      Fico muito feliz em saber que você refletiu sobre o assunto, Maria. Obrigada pelo carinho!

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    Aline

    Amei isso. Eu tenho um irmão de 9 anos e quem está criando ele sou eu,pois perdemos nossa mãe, sempre que posso acompanho seus posts. muito obrigada pelas dicas.

    1. Michele Kaiser

      Sinto muito por isso! Espero ter te ajudado! Um beijo!!

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    Elizama

    Michele, te acompanho a muitô tempo. E gostaria de te indicar o CanaL no YouTube da Flavia Calina caso nada não conheça. Ela tem uma filha também se 2 anos e meio, ensina muitas atividades para criança baseado no método montessoriano. Seria muito legal ver as atividades sendo praticada por seus filhotes. Bjss

    1. Michele Kaiser

      Obrigada pela indicação! Estou precisando variar por aqui. Beijos.

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    Rosângela

    Michele, parabens pela tua postura. Vejo que meus anjinhos estão sendo bem cuidados. Muito amados . Veja como tem peso a sabedoria da tua mãe.um abraço.

    1. Michele Kaiser

      Obrigada pelo carinho, Rosângela! Um beijo.

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    celina amaral

    Sábias palavras irei praticar mais com meu bb de 2anos e 5 meses. ..me deixa louuuca! Bjs

    1. Michele Kaiser

      Que bom que o texto chamou sua atenção. Boa sorte nas tentativas. Beijos!

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    Adriciana

    Tenho um filho de um ano e nove meses e ele com uma ano e três meses dava uns ataques de fúria,puxava cabelo e mordia outras crianças que brincava com ele,eu ia a loucura ,pq sei que o país não gostam de vê seus filhos apanhando dos outros,eu uso gritava alto dizendo que ele não podia fazer isso e quando ele insistia eu batia na mão dele,mesmo sabendo que isso estava errado,como eu digo a ele que ele não pode machucar os outros e eu faço? Contraditório num é? Mudei minha postura e o resultado muito positivo, coloco ele sentando por alguns minutos e falo que ele está de castigo e o motivo, ele chora mas fica lá até eu dizer que acabou, em casa sempre uso o mesmo local. Ele ele está bem mais tranquilo.Seus posts são ótimos parabéns.

    1. Michele Kaiser

      Parabéns por ter mudado sua postura, Adriciana. É contraditório bater mandando não bater. Que bom que a atitude contrária funcionou. Obrigada por ler meus posts. Obrigada pelo carinho. Um beijo.

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    Ótimo texto o que eu precisava para hoje, me senti culpada em um momento de estress dei umas palmadas de leve no meu filho de 1 ano e 8 meses hoje, ele me tirou do sério , eu fui ao mercado ele estava jogando produtos no chão… porém continuou fazendo arte…e me lembrei esses dias dei um tapa na mão dele e depois ele me deu um tapa no rosto. Na verdade por experiência com seu texto conclui bater não resolve e sim gera um péssimo exemplo.

    1. Michele Kaiser

      É isso mesmo que aprendi e acredito. A gente bate e ensina que bater é a forma de resolver as coisas. Precisamos refletir. Nesses momentos de estresses, temos que pensar duas vezes. Primeiro porque vamos nos arrepender porque os machucamos, e segundo porque vamos ver que não adianta. Um beijo.

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    Marli

    Oi Michele..sou mãe de trigêmeos e adoro quando vc posta esses assuntos que nos faz refletir sobre o nosso comportamento diante dos pequenos….acredito muito na frase …*palavras movem mas exemplos arrastam *… meus pequenos estão com um ano ….abrem as gavetas …falo não …eles parecem que não entendem o ainda ….coloquei trava para evitar falar muito não …o que vc fez com os seus meninos nessa fase de mexer em tudo…

    1. Michele Kaiser

      Gostei da frase, Marli. Essa fase é difícil, chata, preocupando. O ideal é fazer o que você já fez. Agora só esperar passar e irem crescendo para que entendam melhor. Um beijo.

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    Alini

    Acabei de passar uma situação igual, e em seguida li o seu post… Até chorei,me fez refletir sobre minha atitude.
    Obrigada

    1. Michele Kaiser

      É muito importante refletirmos sobre esse assunto. Sempre que fazemos algo desse tipo por impulso, nos arrependemos. Que bom que o texto veio na hora certa para você. Um beijo!

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    Luciane

    Não sou mãe ainda, mas esse texto me fez refletir bastante. Adoro suas histórias. Acompanho você sempre pelo face e aqui no blog. Parabéns pela família linda que você tem, essas crianças são um encanto. Devo confessar que me derreto toda pelo charme da Mônica. Bjos pra vocês.

    1. Michele Kaiser

      Obrigada pelo carinho conosco, especialmente com a Mônica. Esse assunto é de pensar mesmo! Beijos.

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    Daniela Reis

    Eu sempre pensei assim, vc esta certissima… tenho uma bebe de 7 meses e ja pega pirraça, converso, abraço e distraio com outra coisa…
    E vc e linda pq responde todos comentarios *_*

    1. Michele Kaiser

      Obrigada pelo carinho, querida! Se vocês gastam um tempinho lendo o que escrevo e ainda comentam, como não responder? Mas infelizmente deixo alguns comentários passarem, sem querer. Enfim, fico feliz por você concordar comigo que bater não resolve. Gritar também não. Violência gera violência, imagina violência em casa? Amor multiplica amor. Sempre. Um beijo.

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    Daniele Rocha

    Oi, Michele. Embora sempre acompanho seu blog, quase não deixo comentário., mas este post com a foto do Murilo é a melhor de todas dos posts haha.. Esse carinha do Murilindo é demais, me diverti rindo com o jeitinho dele. Muito fofo! Continue sendo essa super mãe q você é com seus filhos, te admiro muito! Um beijo

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    Mônica

    Tenho gémeos Michele estão com 1 ano e 3 meses ainda fico perdida pois ano entender o q é um não,mãos espero ter paciência para educar com amor e muito diálogo.

    1. Michele Kaiser

      Não é fácil, mas devemos segurar nossa impaciência e mostrar para eles o melhor jeito de lidar com a frustração. Beijos!

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    Priscila

    Nossa sou mãe de gêmeas tem 2 anos eu nao gosto de bater por mim nunca daria um tapa meu coração dói td vez que faço . Mais elas estão em uma época que não obedece e por fim acabo batendo pq os outros ficam falando e falando . Acabo tomando essa atitude pelos outros que ficam esperando que eu bata pra elas pararem . Estou completamente perdida é triste pois não tô sabendo educar minhas bebês. Adoro seus post.

    1. Michele Kaiser

      Poxa, Priscila… Não vá atrás dos outros não. Diga que são suas filhas e que quem educa é você. Quem acha que bater em criança funciona é ignorante. As filhas são suas e se você acha que não deve bater, não bata! E tente não gritar com elas tb porque é o mesmo efeito. Abaixe-se à altura delas e converse individualmente com cada uma, explicando. As meninas entendem até melhor que os meninos. Hehehehe. Beijos!

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