Mônica havia passado a semana toda ansiosa porque ia dormir na casa da avó paterna. Ela adora ir brincar de filha única na casa da minha sogra e, desta vez, estava mais empolgada do que nunca. Passara a semana toda me pedindo para arrumar sua mochila com todas as coisas que queria levar: pijama se fizesse frio, camisola se fizesse calor, escova e pasta de dente, roupas para o outro dia, pantufa, chinelo, a lista era interminável. E olha que ainda nem contei que a mochila dos brinquedos que ela arrumou para levar era ainda maior do que a das roupas e acessórios.

Chegado o dia (esse último sábado), ela não aguentava a ansiedade. Obedeceu o dia todinho sem reclamar um segundo, brincou e ajudou a mamãe e o papai com os irmãos. Depois do banho e chegada a hora de, finalmente, embarcar no carro para ir para a casa da vovó, despediu-se longamente de todos e foi com o papai para o esperado destino.

Lá chegando, agradou a avó e a prima que lá estava, despediu-se do papai e ficou feliz abanando pela janela. Papai voltou para casa. Alguns minutos depois, recebemos uma ligação da minha sogra. Mônica estava chorando porque tinha saudades. “Será que me delonguei muito ao dar beijos de tchau?”, pensei. “Será que ela ficou com sentimento de deixar a mãe sofrendo de saudades em casa?”. Falei com ela ao telefone, lembrei-a do quanto queria ir dormir na casa da vovó. Ela me disse: “Mamãe, eu tô com muita saudade de você, do papai e dos maninhos, mas eu não quero ir embora, tá? Vou brincar e não vou mais chorar”. Eu quase não entendi o que ela disse, de tanto que soluçava. Eu queria ir buscá-la imediatamente, mas ela me pediu que não fosse.

Liguei mais duas vezes para lá antes de ir dormir. Fiquei preocupada, mas sabia que estava sendo bem cuidada. Sabia que minha sogra e ela têm um relacionamento muito legal e que elas estavam se dando bem. Sabia que não precisava ficar angustiada.

No dia seguinte, quando fomos buscá-la, perguntei o que havia acontecido, por que estava tão triste e com saudades se tinha chegado lá tão feliz. Aí o que ela me disse fez derreter meu coração. Ela disse que estava muito contente, mas que quando entrou na sala de estar da casa da avó e viu uma foto da nossa família, lembrou que tinha nos deixado em casa e deu saudades. Disse que olhou para o porta-retrato e não conseguiu segurar o choro. Viu ali na foto a mamãe, o papai e ela no meio dos maninhos e ficou com muita, muita, muita saudade. “Vovó, amanhã eu quero que t-o-d-a a minha família venha me buscar”. Querida. Todos nós fomos buscá-la e abraçamos e beijamos muito.

Foto na casa da sogra.

Toda essa história me fez pensar no trabalho que meu marido e eu realizamos todos os dias. Mesmo com toda a nossa correria e todo o desgaste que criar quatro filhos nos traz, percebi que estamos no caminho certo. Mesmo nesse recanto de exclusividade que para ela sempre foi a casa da vovó, ela sente que é amada e que a família dela é a melhor coisa que ela tem no mundo.

Às vezes podemos nos achar uns belos fracassados, mas somos a coisa mais importante na vida de nossos filhos. Muitas vezes nos frustramos, ficamos de mau humor quando tudo naquele dia deu errado, mas o que importa na vida dos nossos pequenos somos nós e o que nos rodeia. Como é bom saber que estamos no caminho certo. Como é bom nos darmos conta que nosso esforço vale a pena, que estamos conseguindo dar o nosso melhor para nossos filhos e que está sendo o suficiente.

Obrigada, minha filha, por essa demonstração de amor!