O dia em que mamãe perdeu a paciência

Paciência é uma arte, um dom, uma dádiva. Um exercício diário. Ela nos é colocada à prova praticamente todos os dias. Hoje perdi a luta. Hoje foi o dia em que mamãe perdeu a paciência.

Eu tento ser muito paciente no meu dia a dia. Não se engane, cuidar de quatro crianças exige, claro, muita paciência. Das crianças, da casa, do gerenciamento de toda uma rotina para que as coisas dêem certo. Antes de sair para trabalhar, de manhã, já tento deixar as quatro mochilas com os lanches prontos, apenas faltando tirar da geladeira o suco previamente preparado. Mesmo assim, na hora de sair para a escola a gente se atrasa. Taí um dos testes de paciência.

As crianças vão para o carro geralmente felizes, mas brigam por causa de alguma coisa, fazem birra no carro, etc. Aí tem o trânsito… Mais um teste de paciência. Na hora de buscar, geralmente os quatro estão com sono então há mais birras para ir embora. Outro teste de paciência. Mas nesses testes eu costumo passar todos os dias. Com a exceção de hoje.

Mamãe perdeu a paciência

mamãe perdeu a paciência

Hoje foi um dia como qualquer outro. Mas como eu não precisaria trabalhar depois da aula (dou aula nas terças e quintas às 18h15), resolvi deixá-los brincando um pouco mais. Escolheram o pátio da creche, com os brinquedos que costumam utilizar no recreio. Mas aí tinha apenas dois carrinhos (um modelo de entrar dentro). Tinha cerca de 10 crianças ali naquele momento e a disputa por esses carrinhos estava grande. Aproveitei para exercitar o “dividir” e dei minha lição do dia sobre como o brinquedo não é deles e cada um tem sua vez. Me senti “A” mãe.

Daí começaram duzentas brigas. Primeiro porque uns queriam brincar ali naquele pátio e os outros em outro. Depois porque os que queriam brincar no outro pátio resolveram que o anterior era melhor. Quando já tínhamos trocado de pátio pela segunda vez, começaram a brigar porque queriam comer pão de queijo. Uns queriam e outros não queriam, aí um resolveu bater no outro porque aquele tinha que concordar com o outro. A maior confusão, sem motivo algum.

Resolvi dar uma de durona e ir embora. Dois vieram. Dois ficaram. Um dos que ficou me seguiu e puxou minha blusa. Eu lutei contra, mas o segundo que tinha ficado veio atrás e começou a puxar minha blusa também. Não consegui continuar andando (afinal, estava carregando quatro mochilas e estava com os dois “bonzinhos” de mãos dadas). Resumindo, eles me venceram. Para não cair no chão, parei e voltei. Deixei brincarem mais. Bem daquele jeito que eu acho horrível: deixei meu filho me vencer no cansaço para não passar vergonha.

Disfarcei meu nervosismo, cansaço e irritação olhando minhas mensagens no celular enquanto eles brincavam mais. Fingi não ouvir os choros e birras. Quando Mônica veio me dizer que não aguentava mais ficar na escola, resolvi pegar todas as mochilas e ir embora com ela. Eles que, se quisessem, me seguissem. Me seguiram gritando e chorando. Me senti a pior mãe.

Quando passei pelo pátio principal da escola (com uma filha comportada de mão comigo e outros três chorando atrás de mim), não percebi que várias crianças de cerca de 7 anos me olhavam. Já com a paciência esgotada e os nervos em frangalhos, me abaixei, juntei meus três meninos bem perto de mim e gritei na cara deles: EU VOU EMBORA AGORA E VOCÊS VÃO TAMBÉM! Cena linda de se ver. Só que não.

Eles, com medo de mim, pegaram as mochilas e vieram em silêncio. Além dos meus filhos, quatro crianças da escola me seguiram e me disseram, nesta sequência: “Tia, tu tem quatro filhos?”; “Eles são gêmeos!?”; “Nossa, quatro filhos é muito, hein”; “Tia, como tu é braba”. Não respondi nenhum deles.

Morrendo de vergonha, segui caminhando rumo ao carro. Enquanto meus filhos resmungavam qualquer coisa, me lembrei de um meme que roda a internet e que diz assim: “Ninguém vê quando você perde o sono ou o almoço, mas quando perde a paciência todo mundo vê”. É. Hoje foi o dia em que mamãe perdeu a paciência. E até crianças de 7 anos viram. Até mais!

29 comentários

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    Débora Ucker

    Quem nunca?

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    Elisabete Silvestrin

    Bem assim, às vezes eles nos vencem pelo cansaço e às vezes temos um Piti e depois nos sentimos péssimas, hehe. Faz parte!

    1. Michele Kaiser

      Realmente, depois nos sentimos péssimas… Beijos!

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    Lohane

    Michele, guerreira, eu vou te falar…
    Vc demorou para perdê-la. (A paciência)
    Li todos os relatos da escola desde o comecinho e sempre penso, um dia ela vai perder toda essa paciência (não que eu desejasse, é pq era impossível não ser assim)
    De boa, esse gurizinhos lindos e levados estão te testando há um tempinho, mas tua ainda não tinha se tocado. Rs. Toda criança faz isso, ver até aonde vai o “não pode” testam a gente mesmo. Mas hoje vc mostrou enfim que existe um limite. Não se sinta envergonhada por ter chamado atenção deles, é melhor que te reparem por estar corrigindo eles qnd necessário e ver que vc está os educando, do que te repararem (pq todo mundo repara sim) vendo vc sendo “vencida” pela birra ou pirraça dos pequenos. Falar não e firme é preciso, eles pedem limites o tempo todo…
    Força na peruca e seja firme qnd disser não! Bjos tamujunta

    1. Michele Kaiser

      Obrigada pelo apoio, Lohane! Bjs

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    Lorena

    Tao humana… ta tudo bem, Michele!

    1. Michele Kaiser

      Obrigada, querida Lorena!

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    LILIAN

    Te admiro demais! Pra que essa culpa? Copiando a Lorena: Tao humana… ta tudo bem, Michele!

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      Lorena

      Ohhh, que querida!! Bjao!

    2. Michele Kaiser

      Obrigada pela força, Lilian! Mãe está sempre se sentindo culpada, né? Beijos!

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    Também concordo. Isso que você fez foi só “apagar ” o incêndio. Eles nem se lembram mais disso daqui a pouco. …rsrs
    Beijo
    Mara

    1. Michele Kaiser

      Hehehe. Obrigada, Mara! Bjs

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    Sandra

    Tão eu com os meus.

    1. Michele Kaiser

      Hehehehehe… #tamojunta

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    Polly

    Ah, pra mim vc ainda é a mulhermaravilha. Eu me estresso com um, imagina com 4. Nao sei se teria essa paciencia toda não….

    1. Michele Kaiser

      Hehehehe. Como eu disse no texto: é um exercício diário. Beijos!

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    Michele Barros

    Michele, não tenha vergonha de cobra obdiencia de seus filhos hoje, nunca vamos saber o que pensam as pessoas e toda criança tem essa fazer e difícil lidar com as birras das crianças, mais melhor você educa-los agora que crianças do que o mundo ensina na dureza do dia a dia.

    1. Michele Kaiser

      Obrigada pela força, Michele! A gente nunca sabe se está fazendo certo ou não. Bjs.

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    Lilian Camargo

    Reiterando… “Tão humana…Tá tudo bem, Michele!” Não tenho filhos como os seus, porém tenho dois de quatro patas, mas acompanho o blog, vocês são demais e você uma SUUUPER MÃE!! Meus parabéns todos os dias!! Beijo grande.

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      Lorena

      Muito fofa voce! Tb so tenho animaizinhos!

    2. Michele Kaiser

      Obrigada por acompanharem nossa rotina, Lilian e Lorena! Um beijão!

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    Fabiana

    Bom dia faz parte ainda mais com 4 não se culpe!

    1. Michele Kaiser

      Obrigada pela força!

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    Mariane Calderan

    Como disseram acima: tudo bem!!! Vc fez o seu possível e sendo assim, foi o seu melhor! Bj

    1. Michele Kaiser

      Obrigada pela força, Mariane!! Bjs!

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    Todas temos dias assim, não é?
    Eu até escrevi uma poesia sobre o dia em que a paciência acaba:
    http://somelhora.com.br/2016/02/25/paciencia-acaba-poesia/

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    Samantha

    Michele, fiquei com inveja! kkkk Porque por aqui a paciência acaba assim por muuuito menos! Na verdade, todos os dias eu pergunto pra alguém onde que compra essa tal de paciência, viu! Acho que nasci sem ela e ponto! Tenho dois bebês de quase 9 meses, porém idade corrigida de quase 6, nasceram super prematuros. Estão na fase da introdução alimentar, um come lindamente, o outro é um chororô todo o dia! Dá pra ver que ele gosta da comida, que tem fome, mas é preguiçoso, você coloca a comida na boca dele e ele não quer mastigar e engolir! Gosta de uma comida mais molhadinha, vai melhor, mas ainda assim é um parto. Fica com aquelas bochechas cheias, come muuuuito devagar. Até aí ok, mas aí começa a chorar, o outro já bateu o pratão, já comeu a sobremesa e ele ainda está na terceira colher, e resmunga, até que chora, chora, chora! Eu fico muito frustrada!!! Bom… não tenho muito o que fazer a não ser dar mamadeira, a frutinha ele come melhor, mas ainda come muito pouco no geral e fica com fome. Eu sei que é normal, que é assim mesmo, que não é porque um come super bem que o outro vai comer também, que cada um tem o seu tempo, sei de tudo isso, mas mesmo assim fico mega chateada! Tão chateada que entro no modo desprezo, sabe, aí meio que não dou muita atenção. Faço tudo o que tem que fazer com ele, limpo depois da sujeira da comida, se tiver que trocar, troco roupa e fralda porque eles adooooram fazer cocô na hora que tão comendo, aí fazem aquela força, se desconcentram da comida, que é pra facilitar todo o processo, sabe? kkkk Enfim e aí a melhor mãe do mundo aqui fica dando um gelo básico na criança, porque fico mega irritada, chateada e frustrada. Te digo que é óbvio que eu sei que ignorar a criança não adianta, amor, carinho e atenção é que costumam solucionar tudo. Mas aquela irritação e frustração do momento não me deixam agir como eu sei que deveria agir. Depois que passa, morro de culpa de passar aqueles minutos em off! Na verdade, eu faço isso exatamente pra não gritar, e enfim não estressar ainda mais o ambiente, guardo os sentimentos ruins pra mim, mas não consigo fazer isso agindo como a mãe que eu deveria por causa dos sentimentos ruins que sinto na hora, ai que complexo! rs Enfim… inveja de dar um grito e esse ser o meu “perdi a paciência” rs mas aqui não é assim, to tentando aprender e aceitar que é assim mesmo, e só ter paciência e esperar passar agindo naturalmente e fazendo o meu melhor, mas tá difícil! Tem dias que a coisa flui que é uma maravilha, mas é claro que nem todos os dias são assim. Claro que sei que com ctz o seu episódio foi pior do que pra quem leu, porque afinal só vivendo pra saber. Mas te achei mega paciente pro padrão aqui de casa =/ Vou tentar absorver mais essa paciência! =/

    1. Michele Kaiser

      Hahahaha! Pena mesmo que paciência não dá para comprar no supermercado, mas a gente precisa exercitar todos os dias. Não é fácil, não. Mas precisamos nos esforçar. Ninguém falou que ser mãe era fácil! kkkk… Beijos!

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