Até pouco tempo atrás, quando colocávamos nossos filhos para dormir, fazíamos isso muito facilmente. Era só dar uma mamadeira com suco ou água e deitá-los na mini-cama com o travesseiro elevado. Todos pegavam no sono mamando dentro de, no máximo, dez minutos. Um sonho. Mas os sapequinhas adoram mudar o nosso sistema, principalmente quando estamos super acostumados e felizes com ele.
Agora, todas as tardes (na soneca) e todas as noites (lá pelas 21h), quando colocamos os lindinhos para dormir com suas mamadeiras, Matheus e Marcelo aparecem na sala alguns minutos depois, com sorriso de orelha a orelha. Sabem muito bem que estão fazendo “arte”. Mesmo que estejam com muito sono, a sapequice é garantida. A gente se derrete e aceita, acabando por fazer ambos dormirem no nosso colinho (ai minhas costas!).
Mas o Murilo é o menininho do sono regrado. Ele dorme com aquele mamá e pronto. Deita na caminha já com essa intenção e dorme bem tranquilamente, mesmo com o barulho das risadas dos outros. Muitas noites, mais ou menos das 3h em diante, ou Marcelo ou Matheus aparecem no nosso quarto para pedir para dormir com o papai e a mamãe (muitas vezes Mônica também está em nossa cama). Normalmente o horário de acordar aqui em casa é 7h, mas quando eles vão pra nossa cama acabam cochilando um pouco mais, até às 8h.
O Murilo nunca pede para vir conosco. Sempre dorme na cama dele. Durante a noite, se ele chora, faço dormir no colo e devolvo para a cama dele. Ele acorda religiosamente às 7h, então, nem adianta tentar mudar o sistema dele. Acordou, não dorme mais, só às 12h, que é a rotina do bonito.
Pois hoje deu uma zebra geral aqui em casa. Choveu pra caramba desde umas 10h da manhã e, na hora de o meu marido sair para levar a Mônica para escola, deu outra bomba d’água. Sendo assim, meu marido estava atrasado e estressado, tentando fazer a Mônica aceitar que ele a vestisse para a escola, mas a queridinha está aprendendo a vestir-se sozinha, então, queria tentar. Ainda faltava escovar os dentes e fazer todas as outras coisas que ela gosta de fazer antes de sair, como passar o batom do Frozen e o perfume que ganhou de aniversário. Mas meu marido precisava sair cerca de 15 minutos mais cedo por causa da chuva. Daí os meninos foram para o quarto dormir e fizeram a mesma sapequice de sempre, e dessa vez até o Murilo apareceu na sala, sem querer dormir. O caos tomou conta, nada estava dando certo.
Meu marido saiu com a Mônica às pressas e eu fiquei com a bomba de fazer três gurizinhos serelepes dormirem, contra a vontade de todos. Resolvi dar uma de sargentão e disparei: “Agora chega! Todo mundo para a cama, já!”. Não é que obedeceram? Coloquei um por um nas mini caminhas, fechei a janela quase totalmente e mandei dormirem. Fiquei ali esperando. Como o Matheus choramingou, sentei na cama dele e fiquei dando batidinhas na perninha. Dormiu.
Então os outros dois me olharam com aquela carinha ansiosa, como quem pensa “em qual caminha a mamãe vai sentar agora?”. Eu olhei para a carinha de pedinte dos dois e, pela primeira vez desde que me tornei mãe de muitos, precisei escolher. Precisei escolher qual dos dois ia ganhar meu carinho primeiro. Precisei escolher um e deixar o outro esperando. Escolhi o Marcelo porque ele choraria mais alto do que o Murilo se tivesse que esperar.
Enquanto eu ficava sentada na cama do Marcelo, dando batidinhas em sua perninha e cantarolando para ele, olhei para o Murilo e vi uma coisa que me corroeu por dentro. Ele estava sentadinho na caminha, olhando para seus pezinhos, com aquele beiço da boca virada que só eu reconheço. Quando viu que eu estava olhando para ele, engoliu o choramingo e disse bem baixinho “mamãe”… Eu quase morri. Meu coração se despedaçou.
Desde a gravidez eu tinha essa preocupação de não conseguir dar carinho à todos por eles serem muitos. Desde a gestação eu tinha receio em não suprir as necessidades deles por ser somente uma mamãe para tantos filhos. Me preocupei muito com a Mônica, porque ela era a grande enquanto eles eram os pequenos. Eles não entendiam nada ainda, então sempre reservei minhas energias para dar bastante atenção à ela, para que não tivesse ciúmes dos irmãos. Mas, pela primeira vez, senti pena de um filho porque tive que deixá-lo por último, porque tive que escolher entre um deles.
Ao ver aquela carinha do Murilo, eu não aguentei. Desabei. Chorei sem fazer barulho, solucei bem baixinho, para não acordar os que estavam dormindo. O Murilo ficou me olhando, sem entender muito. Ele não sabia tudo que estava passando pela minha cabeça. Tentei segurar minhas lágrimas mas não consegui.
Alguns instantes depois, levantei-me e sentei na cama do Murilo. Ele resolveu aproveitar minha atenção para rir e não dormir, então aproveitei a desculpa e o peguei no colo. Logo que deitou no meu colo ele fechou os olhinhos. Em seguida dormiu, mas eu não quis colocá-lo logo na cama. Como boa mãe culpada, segurei meu filhotinho no colo por mais alguns minutos, para que ele se sentisse amado e protegido. E foi assim, olhando para o rostinho do meu filho em meu colo, que chorei rios de lágrimas…
eu ainda não sou mãe, mas acompanho o blog e chorei baixinho com você enquanto lia. Parabéns pela coragem de dizer os prazeres as dificuldades da missão intransferível que é ser mãe!
Obrigada pelo carinho. Temos que ser sinceros, afinal, não existe mãe perfeita. Um beijo.
Nossa, me emocionei aqui. Ainda não tenho filhos… Queremos muito ter, mas ainda não é a hora.
Mas sempre pensei nisso…
Mas saiba que ele sabe o quanto você o ama!! Isso é fato!!
Obrigada pelo carinho, Gabriela! Um beijo!
Oi Michele…imagino o que deve ter passado na sua cabeça e, principalmente no seu coração. Cada vez que leio o seu blog aprendo muito: como admirar uma mãe batalhadora e corajosa como você.
Parabéns!!!
Tanta coisa que passa na cabeça de uma mãe…só a gente sabe o medo de fazer algo errado com nossos filhos.
Bjs!
Obrigada pelo carinho, Lucirene! São tantas as preocupações, né? Bjs!
tenho 2 meninas uma de 4 anos e a outra de 2 e as vezes me sinto igual a vc…
Não é fácil dividir-se, né? Bjs
E eu chorei lendo! HAHA <3
chorei litros agora, me senti na sua pele, estou grávida do segundo, e tenho medo também !!! De não conseguir fazer
Com que os dois sintam o meu amor
Por eles !!! Achar que eu amo mais um do que o outro !!!! Sei que isso não existem, porque falam que amor de
Mãe não se divide se MULTIPLICA !!!!! Mais tenho linhas inseguranças !!!
É bem normal ter inseguranças, Larissa! E mesmo depois de ter desabafado nesse post, na maior parte do tempo a gente consegue multiplicar o amor, sim! Mas tem dias que a culpa vem com tudo! Obrigada pelo carinho! Um beijo.
Sou futura mae de gemeos, um casal, e tenho um rapaz de 12 anor… Todos os dias desde que soube que estava gravida tento nao deixar transparecer p o mais velho o quanto estou desesperada com a vinda dos gemeos. Porque penso, vou deixa-lo de lado, vao dar mais atencao aos gemeos… isso me deixa muito aflita.
Essas inseguranças existem, é fato, mas se serve de consolo, muitas de nós passamos pelo mesmo. Não é fácil, mas a gente se esforça para fazer o melhor! Um beijo!
Estou chorando rios aqui também,que Jesus acalme seu coração nessas horas e saiba que vai passar e que todos vão saber que você é a melhor mãe para eles….bjos.
Obrigada pelo carinho, querida! Beijos!
Michele, desde que descobri seu blogue não paro de seguir… Rsrs
Sou estudante de Pedagogia e trabalho atualmente em uma creche municipal da minha cidade. Sou loucamente apaixonada com crianças, meu sonho é se mãe, sim…. E mãe de gêmeos.
Fico encantada e emocionada com seus relatos, choro e dou gargalhadas com vc.
Obrigada por dividir comigo suas experiências, elas têm sido de grande valia para mim.
Que Deus possa renovar suas forças todos os dias para cuidar dessas 4 ‘belezurinhas’… Rsrs
Abraços…
Muito obrigada pelo carinho, querida Carla! É muito prazeroso receber esse feedback de quem lê o blog e os textos! Continue nos acompanhando! Que bom que você encontrou a gente! Bjs
Me segurei para não chorar porque estou no trabalho. Michele, você é uma mãe maravilhosa, um exemplo. Deus te abençoe grandemente nesta missão de ser mãe, e a seus filhos que são lindos! Beijos
Muito obrigada pelo carinho, Kelli! Um beijo!
minha tia tem gêmeos qnd eles entraram nessa fase ela optou por sentar no meio das camas no chão contar uma historia e cantar ali mesmo assim ela n se sentia culpada, mas teria que fazer ates deles saírem do quarto.. vai ter q ficar lá esperando eles dormir. não tem jeito é uma fase de manha mesmo.. e nos sempre nos culpamos mesmo tendo um só parece que nunca vamos dar conta. sou super fá de vc e sua família.. meu marido sempre diz que é pra mim ir morar com vcs,kkk de tanto que eu falo da sua família.kkk
Kkkkk, diz pro seu marido não ser tão manhoso! Kkkkkk, brincadeirinha! Quando são só dois é mais fácil. Hoje, meu marido e eu chegamos em casa e os 3 vieram pedir colo. Peguei um e ele teve que pegar dois! Kkkk, falta braço mesmo! Bjs
Nossa… me identifiquei totalmente. Sou mãe de primeira viagem de gêmeas. A dor que o biquinho provoca é imensa. Quando vem dom um choro na sequência acaba comigo. E olha que elas só tem 3 meses e 3 semanas. Entraram numa fase de qdo ouvem a minha voz choram querendo colo. (Tá. . Eu sei que é manha… mas que mãe quer deixar as filhas chorando??? ) Tenho que optar. Acabo colocando – as no carrinho e as consolo ao mesmo tempo. É dolorido. Mas pelo visto não vai passar nem tão cedo. Aiai
Falta braço, né, Karinna? Dá um dó… Bjs!
Michele veio te acompanhando há algum tempo, mas hoje lendo me vi tua tua pele! Também chorei! kkkk Tenho um menino de 2 anos e 5 meses e uma menina de 5 anos e as vezes eles querem colo ao mesmo tempo ou na hora de dormir os dois querem e ai? o que fazer? o coração fica dividido mesmo! Quero te parabenizar pelos teus filhos eles são uns amores, lindo de viver!
A tua filhota é uma graça! Tu és uma super mãe e tenho aprendido muito contigo!Parabéns pela linda família que tens e pela pessoa adorável que és! Deus os proteja! Bjos
Obrigada, Eronilde, pelo carinho à mim e à minha família! Fazemos o melhor que podemos para atender todos os filhos e para que nada falte à nenhum. Mas às vezes dói, né? Bjs!
Obrigada pelo carinho, querida! Obrigada pelo apoio! Um beijo!
Michele, mais uma vez, se superou em relatar algo maravilhoso de sua vida, sou seu fã! Fiz questão de compartilhar este lindo texto, parabéns!!
Obrigada, Adriano! Os sentimentos são sinceros, por isso fluem facilmente! Beijo nas crianças!
Como é difícil estes momentos. Tenho um de 14 e agora 2 de 4 meses e ainda assim me vejo em cada situação difícil em relação aos dengos, ciúmes e prioridades.
Difícil, né? E estão em fases bem diferentes, hein! Bjs
Geralmente, essa culpa é bem nossa mesmo. Mas, não fique assim. A criança sente, mas passa logo. E assim, aprende a lidar com a frustração e saber que não pode ter tudo que quer na hora que quer. Agora, nos sentimos culpados, mas lá na frente, ficaremos orgulhosos em termos criados adultos confiantes e bem resolvidos. Um beijo na família. Leandro
Obrigada, Leandro. Acho que tens razão. Abraço!
Me cortou o coraçao Michele! Nao sei se eu conseguiria ter chorado baixinho, mas sao ossos do oficio. O importante é a sua dedicaçao quando esta com cada um deles!
Não é fácil! Mas a gente tem que se virar! Obrigada pelo carinho.
Obrigada pelo carinho, Wanessa! Apesar dos desabafos, a gente sempre se supera e dá conta sim. Bjs!
Me emocionei! VC É A MELHOR MÃE QUE PODERIA SER! Pode ter certeza, sinta-se abraçada. 🙂
E eu tb chorei rios de lagrimas aqui com seu post, rsrsr eu tb tenho 4 filhos, 3 meninos e 1 menina..bjao..to amando o blog!! parabéns!!
Obrigada pelo carinho, querida! Seja bem-vinda!
Nossa,muito nós amiga esse seu texto,vc conseguiu descrever em perfeição, o que sinto,Mas Gracas a Deus que pir sermos mães de trigêmeos temos a sensibilidade até maior de perceber e se cobrar sobre a atenção que damos a cada um!!deixa eu enxugar as lagrimas e continua com a tropa ali!!!Muiiiiito bom adoro vc pq vc vive a minha realidade!!!bjs flor
A gente se entende, né, Brenda! Vem contar tua história: ostrigemeosdamichele@gmail.com!
Olá! Queria ter visto seu blog a um mês atrás…. Acho q sentiria menos culpa… Tenho cinco filhos, mas o último tem uma diferença de apenas um ano e meio da anterior, e as vezes me questiono se fiz uma boa escolha, se sou uma boa mãe, se não estou perdendo minha filha e ela me perdendo por ter que dar atenção ao bebê… Chorei muito lendo seu texto, chorei muita vezes olhando minha filha me chamando no sono. Tive que escolher mil vezes nesse mês e meio entre um bebê recém-nascido nascido e uma bebê de um aninho. E essa escolha me mata não importa qual dos dois atenda primeiro. Um sempre fica para depois. Obrigado por me mostrar q dói em outras boas mães também.❤️
Sentimentos tão comuns às mães mas, nem por isso, menos doloridos, né? A gente se entende! Seja sempre bem-vinda por aqui!
Quem está chorando rios de lágrimas agora sou eu. Pelo Murilo, que infelimente pra ele, chora menos que o irmão, por ti, que precisou escolher, e por todas nós, mães de mais de um que as vezes encontram essa encruzilhada da vida. Várias vezes, ainda grávida dos gêmeos me peguei pensando o quanto de certa forma é injusto ser gêmeo (ou tri). E o quanto as crianças que vem de gestação única são um tantinho mais sortudas….
Claro que tem suas compensações. Mas nesses momentos de escolha, só consigo pensar nisso…
Eu e meu marido vivemos falando sobre isso: que temos pena deles por serem trigêmeos, que seriam mais felizes sendo sozinhos, tendo mais tempo para curtir a mamãe sem ter que dividir. Mas no fim, eles também têm sorte por terem irmãos tão próximos. Poucas pessoas têm essa oportunidade de ter irmãos próximos hoje em dia. Beijos!
Michele, continuo por aqui (colocando a leitura em dia) e me emocionando com seus relatos!
Seus filhos tem muita sorte de ter você como mãe, eu sei que você deve ouvir isso sempre que compartilha seus sentimentos, mas não sinta culpa, de forma alguma, sinta muito orgulho da mãe que você é!
Um grande abraço!
Muito obrigada pelo carinho, Giuliana!! 🙂
E eu chorei lendo seu relato e me colocando no lugar. Só tenho uma e já acho que não dou atenção suficiente por trabalhar fora e as vezes tb choro por isso ;(
A gente está sempre se culpando. Quando nasce uma mãe, junto nasce a culpa. Beijo!