Terrorismo materno: vamos parar com isso!

Conversando com uma amiga que está grávida de 37 semanas, me deparei com uma coisa que, para mim, pareceu surreal e um típico caso de terrorismo materno. Minha amiga, que ainda nem pariu, me disse estar preocupada porque ainda não tinha tido tempo de procurar escolinha para seu filho (não-nascido). Essa preocupação veio à sua mente depois de ouvir conselhos de uma mãe experiente: “vá logo pois podes não conseguir vaga!”, disse a tal mãe amiga.

Segundo essa mãe experiente (uma conhecida do trabalho de minha amiga), seria necessário que ela se preocupasse logo com isso porque, veja bem, as escolas já não tem vaga para 2017. Minha amiga, preocupada com tantas coisas lindas sobre seu primeiro filho, ficou aterrorizada de ter que pensar nesse assunto agora! Enquanto ela pensava que tinha que se preocupar com o quartinho, com o parto e com a amamentação, essa mãe experiente a estava alertando para que fosse logo pesquisar escolinhas!

Foi aí que me dei conta que minha amiga mal sabe o mundo louco que a espera. Um universo totalmente novo para ela: o mundo do terrorismo materno.

Tornar-se mãe é uma dádiva, um presente. Mas a vida muda muito no momento que nasce nosso filho. A gente deixa de lado (ao menos por um período) diversas coisas que a gente faz e costuma fazer e passa a ter novas prioridades e desafios. A gente às vezes nem mesmo se conhece mais, porque dedica os primeiros meses da vida do filho ao filho e esses primeiros meses, que fazem parte da licença-maternidade, servem para nos ajudar nessa transição. Minha amiga ainda nem transpassou a barreira entre filho-na-barriga e filho-no-colo e já está sendo aterrorizada por outras mães experientes com preocupações que, na minha opinião, ela ainda nem precisava ter.

Chega de terrorismo materno

Quando nos tornamos mães, aparecem pessoas experientes de todos os lados nos dizendo o que devemos ou não fazer. Ao fim da licença-maternidade, se optamos por colocar o filho na escolinha, nos dizem: “como você tem coragem de deixar um bebê tão pequeno na creche?”. Se optamos por largar nossos empregos e ficar com a criança, nos dizem: “Ah, mas como você vai ficar sem trabalhar? Depois a criança cresce e você está fora do mercado de trabalho”. Se optamos por contratar uma babá, nos dizem: “como você tem coragem de deixar seu filho sozinho em casa com uma desconhecida?”. Nunca estamos fazendo o correto, não é mesmo? Para mim isso é terrorismo materno!

terrorismo maternoA grande maioria das decisões que tomamos na maternidade se dão devido às necessidades que aparecem. Minha amiga tem um bom emprego e pretende voltar a trabalhar logo que terminar a licença. Por isso ela achou pertinente o comentário da colega sobre já ir procurando escolinhas. Mas, pense bem: minha amiga ainda vai se tornar mãe, ainda está para conhecer esse sentimento maluco e inexplicável e só saberá o que for melhor para o próprio filho depois que ele nascer e ela criar esse vínculo com ele. É muito cedo para ela começar a se preocupar em como serão as coisas quando ela voltar ao trabalho. Minha amiga faz home office e às vezes precisa visitar clientes. Quem sabe seja viável para ela trabalhar de casa pela manhã e contratar uma babá para somente três tardes por semana? Quem sabe assim ela consiga deixar tudo em ordem sem precisar de escolinha? Me parece muito estressante para ela ir agora, a um mês do parto a termo, saracotear pela cidade buscando escolinhas que ainda tenham vaga a partir de março do ano que vem. Se encontrar, terá que segurar a vaga. Mas e se março chegar e ela não quiser colocar o filho na escolinha? E se surgir outra oportunidade? E se ela resolver nem trabalhar mais e optar por ficar somente em casa cuidando do filho?

Ninguém sabe o que é melhor para o filho do outro e acho que devemos parar de ser tão críticas umas com as outras e nos ajudar mais. Claro que a pessoa que alertou minha amiga estava tentando ajudá-la e estava mostrando um lado da maternidade que ela ainda não conhecia. Mas acho exagero assustá-la dessa maneira. Vamos deixar as mães que ainda nem pariram curtir cada momento. Vamos parar de dizer aquelas frases do tipo: “Você nunca mais vai dormir” e começar a dizer coisas mais positivas como “sei que será difícil, mas com o tempo tudo dará certo”. “Se precisar de um ombro, estou aqui”. Vamos parar com o terrorismo materno!

Compartilhe com outras mães amigas se você concorda comigo. Até mais!!

5 comentários

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    Flávia

    Arrasou Michele, pois o que mais existe são pessoas para fazer esse terrorismo, e nada que a gente faça está bom, sempre falta algo para eles. Está de parabéns no seu tema.

    1. Michele Kaiser

      Obrigada, Flávia. Que bom que concordas. Um beijo!

  2. Avatar

    Amei Mi!!! É isso mesmo.. tem tanta coisa antes da escovinha para ela viver/sentir.
    Serão meses intensos!
    Bjs
    Lele

    1. Michele Kaiser

      Exatamente, Lele!! Muitas e muitas coisas (e bem mais importantes, né?) Detesto isso que fazem com as grávidas. Um beijo!

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