Juntos na escola?

Colocar os trigêmeos juntos na mesma sala de aula ou mantê-los separados na escola? Estamos tendo dúvidas sobre o que fazer no ano que vem e resolvemos trazer o assunto a discussão.

Desde que pensei em colocar meus filhos trigêmeos na escola, optei por deixá-los separados.  Inclusive, quando iniciei a procura para uma escola para nossa filha mais velha (Mônica, hoje com 8 anos), já escolhi pensando que queria uma escola que oferecesse no mínimo três turmas para cada nível. Assim, eu poderia – desde a Educação Infantil – colocar os meninos em salas separadas.

Eu pensava nisso porque queria promover a individualidade de cada um. Queria que cada um tivesse suas próprias experiências, já que eles passavam 100% do tempo em casa juntos. Queria conhecer a personalidade de cada um separadamente, e pensava que seria de grande crescimento para cada um deles. Nem me importei quando me dei conta que eu teria que manejar reuniões, grupos de whatsapp, passeios e atividades de cada turma em separado. Eu queria mesmo é que eles fossem “normais”, que tivessem experiências como qualquer criança não-gêmea.

PORQUE COLOCAMOS OS TRIGÊMEOS SEPARADOS NA ESCOLA

Juntos na escola?

Mas por que agora estou mudando de estratégia e quero colocá-los juntos na escola? Na verdade, ainda não tomei minha decisão. Estamos chegando ao fim do terceiro ano de Educação Infantil onde os meninos estudaram separados e tiveram muitas experiências positivas. Matheus fez diversos amigos e gosta de ter a sua turma. Murilo tambem gosta, apesar de ser um pouco mais tímido. Mas Marcelo tem se mostrado mais entristecido com relação à separação. Ele diz que sente muitas saudades dos irmãos. Assista abaixo à entrevista que gravei com eles sobre o assunto:

Eu sempre disse, desde o princípio, que se a separação fosse negativa para eles eu voltaria atrás e os colocaria juntos. Mas a separação não tem nenhum ponto negativo para Matheus e Murilo, somente para Marcelo. Ele relata que se sente sozinho na hora do recreio (intervalo) e que os amigos não o convidam para brincar. Embora seja importante lembrarmos que ele é uma criança que gosta de brincar sozinha e é sim mais submissa em um grande grupo. Mesmo assim, disse que também ficaria chateado de deixar seus amigos e ir para outra turma.

Depois de publicar o vídeo acima, conversei com a professora dele, que tomou algumas atitudes a mais para ajudar nosso pequeno menino tímido. Desde então, ele disse que gosta dos colegas e que têm se divertido muito no recreio. Já não tem mais nos pedido para juntar as turmas.

Em entrevista ao site dedicado a gêmeos e múltiplos MeTwo, a psicóloga americana Nancy Seagal, especialista no universo gemelar e de múltiplos, diz que as crianças ficam mais felizes e mais engajadas nas atividades propostas em sala de aula quando um colega familiar está por perto. “Mas, em vez disso, educadores e administradores temem que os gêmeos falhem em desenvolver um senso de identidade e individualidade se não forem separados quando chegarem à escola pela primeira vez”, afirma.

LEIA NA ÍNTEGRA A ENTREVISTA COM NANCY SEAGAL

Nancy acredita que seja desnecessário (e por vezes insensível) separar os gêmeos nesta primeira fase da vida escolar. A plataforma MeTwo também defende que os gêmeos devem ficar juntos neste primeiro momento, podendo ser separados mais a adiante, quando já estão mais maduros e, aí sim, buscarem sua individualidade.

O que vamos fazer?

Ainda não decidi exatamente se vou colocá-los juntos em 2020. Eu penso que seria um pequeno retrocesso, mas gosto da ideia de estarem juntos. Ao mesmo tempo que vejo também muitas vantagens em estarem separados. Neste ano eles encerrarão o Infantil e passarão ao Ensino Fundamental. Para mim será mais fácil e confortável tê-los na mesma turma, mas nunca pensei em mim nestes momentos, sempre me preocupei no que era melhor para eles.

Embora ao assistir ao vídeo a gente fique com vontade de colocá-los juntos o mais rápido possível, crianças não têm opinião definitiva sobre as coisas e vão mudando de ideia conforme a gente vai mostrando um novo argumento. Por isso, ainda tenho muitos prós e contras para listar e quero conversar com a coordenação da escola. A escola sempre se mostrou a favor da separação, mas isso nunca foi imposto aqui. Sempre foi uma escolha nossa que a escola respeitou.

E você, o que acha? O que faria em nosso lugar? Até mais!

3 comentários

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    Ananda Monteiro Barbosa

    Michele, como professora de alunos mais velhos (Ensino Fundamental II e Ensino Médio), posso dividir a minha experiência: já tive uma aluna (trigêmea) que se sentia super confortável estando em sala diferente das irmãs, mas ela era conhecida na escola como a ” Carol das trigêmeas”, assim como suas irmãs também eram ” das trigêmeas”, ou seja, no fim, isso era muito identificável nelas, mesmo em salas separadas.
    E já tive gêmeas IDÊNTICAS (um mês só pra saber quem era quem hahaha) na mesma sala e elas eram super independentes como indivíduos, tinham, cada uma, o próprio grupinho, tinham preferencias por matérias distintas, sentavam em lugares separados…enfim.

    claro, os casos citados são de adolescentes, com personalidade bem mais formada que os meninos, mas, no fim, acredito que o individual de cada um será mantido, mesmo na mesma turma. Talvez um ano de teste seria bom.

    Boa sorte na escolha, tenho certeza que farás o melhor pra eles.
    Grande abraço!

    1. Michele Kaiser

      Obrigada por relatar sua experiência!! Adorei saber sobre os dois lados. Agora quero ver como vai ser na adolescência. Um beijo!

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      Olá Michele. Sou avó de trigêmeos ( duas meninas e um menino) que frequentaram a mesma turma desde o infantil. Até agora não tiveram problemas. Vão iniciar o sexto ano do fundamental. Espero ter ajudado. Um abraço!

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