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Gêmeos em turmas separadas

Está chegando o dia do início das aulas dos trigêmeos! Optamos por colocar os trigêmeos em colégio grande. Escolhemos uma escola que oferecesse educação infantil a partir dos 3 anos. Queríamos que a escola oferecesse diversas turmas para que pudéssemos matricular Marcelo, Murilo e Matheus em turmas diferentes. Não queremos que nossos filhos sejam colegas na escola. Eu acho que é melhor gêmeos em turmas separadas.

Bem, por motivo financeiro, optei por eles ficarem em casa com babá até os 3 anos, ao invés de irem para a escolinha. Tenho apenas uma funcionária – a babá – que cuida deles para eu poder trabalhar. Ela dá conta das crianças e da casa e, até ano passado, cuidava de 4 crianças de manhã e de 3 a tarde, já que Mônica ia para a escola. O salário que pago à ela é mais em conta do que ter 4 em escolinha.

Por que separá-los?

Os trigêmeos são amigos e unidos, apesar de terem momentos de briga. O motivo de eu querer separar os meninos é promover a individualidade de cada um. Acho que não vamos nos arrepender de termos tomado essa decisão, mas estaremos atentos a qualquer problema e a escola está nos dando todo o suporte. Já teremos a primeira reunião no sábado que vem e a escola já nos orientou como proceder.

Com frequência me perguntam: você não tem pena de separar os pobrezinhos? Eu respondo: De maneira alguma! Eu só vejo coisas positivas vindo dessa separação. Nos primeiros dias pode ser um pouco difícil, mas creio que será muito melhor para eles a longo prazo pelos motivos a seguir.

Individualidade

Quero que meus filhos saibam que existe um mundo a explorar fora do território da nossa casa. Quero que eles convivam com outras crianças, sem ficarem grudados uns aos outros o tempo todo. Temo que, se os colocasse juntos, eles não iriam abrir espaço a outras crianças e iam continuar com os vícios de comportamento que já têm em casa. Também não quero que sejam conhecidos como “os trigêmeos”. Quero que sejam Marcelo, Murilo e Matheus individualmente.

Professores

A escola que os meninos frequentarão exige uso de uniforme. Imaginei que, se ficassem juntos, os professores e monitores teriam mais dificuldade em reportar a mim questões em geral. Seria muito mais difícil saber quem fez o quê. Afinal, eles são muito parecidos e estariam vestindo roupas iguais. Por exemplo, se um dos meninos estiver com alguma dificuldade comportamental. Um deles jogou um brinquedo em um colega. Qual foi? Será que a professora ia saber diferenciá-los?

Amigos

Eu temia que, se ficassem juntos, acabariam fazendo um time fechado e não se misturariam com os demais colegas. Tinha medo que fosse como é em casa. Os três grudados o tempo todo. Eu quero que eles fiquem separados porque poderão se misturar e conhecer outras crianças, fazendo amigos. Se sentirão falta dos irmãos? Talvez. Mas vão conviver entre eles em casa a manhã inteira. Eles acordam às 7h e irão para a escola só às 13h. Voltarão da escola às 17h30 e ficarão juntos até às 21h, quando irão dormir. Continuarão muito tempo juntos.

Aprendizagem e comportamento

Dentro de casa, muitas vezes o Matheus é mais atento e Marcelo é mais desligado. Mas, dependendo o caso, Marcelo entende melhor as regras. Murilo é mais bagunceiro. Sabe as regras mas gosta de desobedecer e nos olhar com um sorrisinho encantador, buscando aprovação. Baseado nesses comportamentos, eu acredito que, se fossem colegas, Matheus ia prestar atenção na professora e Marcelo ia só copiar o que ele estava fazendo. Murilo ia ficar atirando os materiais nos irmãos. E no fim os três estariam bagunçando a aula (risos).

Desenvolvimento da personalidade

Acho que, separando-os, conheceremos coisas mais individuais da personalidade de cada um. Sozinhos eles são diferentes de como se comportam em grupo. Mas, sejamos sinceros, são poucas as oportunidades que eles têm de ficarem sozinhos. Hoje, são poucas as vezes que conseguimos passar alguns instantes só com um deles e dar atenção individual. Eu acredito que, sem o irmão para se espelhar na sala de aula, vamos acabar descobrindo preferências, gostos e desgostos que ainda não conhecemos da personalidade de cada um.

gêmeos em turmas separadas

Matheus, Marcelo e Murilo.

Separado não quer dizer sozinho

Mônica evoluiu muito na escola. Fez amigos, aprendeu muitas coisas e ‘cresceu’. É isso que eu quero ver da parte deles. Quero vê-los crescendo como indivíduos. Quero vê-los sendo um serzinho único. Cada um com seus colegas, sua professora, sua vida. Assim como a Mônica. Assim como todas as crianças que não tem irmão gêmeo.

Quero que meus filhos tenham uma experiência como a de qualquer outra criança. Quero que eles tenham sua família, o amor de seus pais, o amor e companheirismo de seus irmãos. Mas quero que tenham suas vidas individualmente também. Quero que cada um faça suas próprias descobertas. E isso não é motivo algum para alguém ter pena deles. Continuem acompanhando essa história!! Até mais!

Acompanhe como eles estão se saindo clicando em adaptação escolar!

Desfralde dos trigêmeos

Depois de muito pensar nas possibilidades e tomar coragem (é, temos que ter coragem), resolvi desfraldar os meninos! O desfralde era a fase que eu tinha mais medo, ansiedade e impaciência. Já havia tido uma experiência ruim com a Mônica, por isso eu postergava tudo que podia com os trigêmeos.

Quando os meninos tinham 2 anos, iniciei os primeiros pensamentos sobre o desfralde. Mas eles não me pareciam prontos para isso. Ainda não se comunicavam muito bem, não tinham horário fixo para fazer cocô, não demonstravam incomodação com a fralda. Além disso, não demonstravam nenhum interesse pelo vaso sanitário ou penico e também não davam a mínima bola quando a gente mostrava como fazíamos. Resumindo, não davam qualquer sinal de estarem prontos para o desfralde.

Dicas para reconhecer se seu bebê já pode desfraldar

Há até hoje uma recomendação antiga que devemos desfraldar as crianças aos 2 anos. Vejo diversos pais e mães sofrendo porque ensinam, ensinam e o filho não entende. Durante o processo do desfralde dos meus, diversos foram os relatos que li nas redes sociais sobre crianças que demoraram meses até desfraldar por completo. Foi esse o erro que cometi com a Mônica, não esperei o tempo dela por pura ignorância. Não queria repetir isso com os meninos.

O desfralde da Mônica

Com a Mônica, eu creio que agi errado e sinto culpa por isso. Ela tinha 2 anos e 2 meses quando os meninos nasceram e, seguindo a opinião de terceiros, iniciei o desfralde dela apenas 3 meses depois. Era verão, ela ‘já estava grande para usar fraldas’, e eu resolvi começar. Mônica é muito esperta e inteligente e achei que ela aprenderia muito rápido. Mas não tinha nada a ver com inteligência. Expliquei a ela como deveria fazer, comprei uma cartolina e adesivos e, a cada xixi ou cocô no vaso, ela podia colar um adesivo (ela amava adesivos).

Eu nunca senti tanto ódio de cartolinas e adesivos. Minha menina escapava xixi todas as vezes. Demorou umas duas semanas para ela fazer o primeiro xixi no lugar certo e o cocô demorou séculos. Ela sempre deixava escapar na calcinha. A gente lavava no mínimo 10 calcinhas por dia. Demorou uns três meses para ela segurar, avisar que queria xixi, ir ao banheiro e fazer no lugar. Ela chorava com frequência e, chegou uma época que eu já não tinha mais paciência. Achava que ela tinha algum problema.

Minha filha teve infecção urinária três vezes no ano passado (já foram seis vezes desde que desfraldou). Ela acostumou a segurar demais o xixi e sempre me questiono se isso tem a ver com seu desfralde traumático.

O desfralde de sucesso dos meninos

desfralde dos trigêmeos

Marcelo sentadinho no vaso e os manos observando.

Com todo o arrependimento de não ter respeitado o tempo da Mônica, pensei melhor e quando os meninos tinham 2 anos eu escrevi o post “Sim, meu filho ainda usa fralda“. Eu ouvia de pessoas próximas que estava na hora de tirar as fraldas, mas devido aos motivos citado acima, bati o pé e resolvi não desfraldar. Desta vez eu ia respeitar os meus filhos e deixar eles me darem sinais.

Meu marido e eu optamos por desfraldá-los no verão, depois de completarem 3 anos. Íamos viajar para um sítio no interior com nossa família e estaríamos com as crianças o tempo todo. Eu não queria passar essa função para a babá deles ou para as professoras da escola. Então, iniciamos nas férias no dia 27 de dezembro de 2016.

Ensinamos que eles deveriam usar cuecas, e se tivessem vontade de fazer xixi ou cocô, tinham que chamar a mamãe ou o papai. O resultado foi: zero xixis no vaso. Tentamos no vaso com adaptador e no penico. Nada. Fizeram todos os xixis nas calças. Cocô? Dois não fizeram e um só fez porque pegamos no flagra e levamos correndo para o banheiro. O segundo dia também foi de insucesso. Levamos ao banheiro a cada meia hora, mas nada de xixi ou cocô no vaso. Quando colocamos a fraldinha para o sono da tarde, eles aproveitaram para fazer tudo que queriam. O lado bom foi que pegamos eles conversando dentro do banheiro sobre o assunto. Um estava explicando para o outro que tinha que fazer cocô e xixi no vaso. 

O terceiro dia foi igual. Tentamos colocar uma madeira como degrau para eles fazerem de pé, mirando o vaso sanitário. Não estava funcionando usar adaptador, penico ou qualquer coisa para fazerem sentados. Tínhamos a esperança de que, se um fizesse, os outros passariam a imitar e tudo daria certo. O papai mostrou como fazia e mesmo assim eles não tiveram interesse.

Somente a partir do 4° dia, houve alguma evolução. Quando acordaram da soneca da tarde, Marcelo aceitou fazer xixi no vaso, de pé, em cima de um pedaço de madeira que serviu como degrau. Murilo ouviu eu comemorando e disse que também queria fazer no vaso. Coloquei e ele fez sentadinho!! Fiquei emocionada!! Três horas depois, quando levei de novo, ele fez de novo! Matheus ainda estava relutante.

Os dias que se seguiram foram de sucesso para Marcelo e Murilo, que deixaram escapar as necessidades nas fraldas apenas cerca de 1 vez ao dia. Matheus demorou mais uns dois dias e já estava aceitando fazer quando convidávamos e pedindo quando queria. Posso dizer que, em uma semana, meus filhos estavam desfraldados! Foi algo impressionante porque, nos primeiros três dias, quase desisti. Pensei estar os fazendo sofrer e que não estavam prontos.

Veja o vídeo onde contei tudo sobre o desfralde:

Na minha opinião, é muito importante, ao tentarmos iniciar o desfralde, dar esse prazo de uma semana. Se a criança não mostra evolução em uma semana, não está pronta. Eu deveria ter parado depois de uma semana com a Mônica. Poderia ter recomeçado cerca de seis meses depois e não teria sido tão sofrido como foi.

Aprendi com minha experiência com os meninos que o desfralde não precisa ser traumático! Ele deve ser uma coisa natural para os pais e para a criança. Se está sendo sofrido, provavelmente não está na hora certa e devemos esperar um pouco mais. Não há problema algum em esperar. Não devemos fazer o desfralde por pressão da família ou da escolinha. Temos que respeitar nossos filhos.

Até mais!

Leite: saquinho, garrafa ou caixinha?

leite: saquinho, garrafa ou caixinhaSaquinho, garrafa ou caixinha? A polêmica do leite me parece estar longe de acabar. Tudo começou com a questão da lactose. Muita gente parou de beber leite em função de achar que a lactose atrapalha o processo de emagrecimento, que é prejudicial à saúde, etc. Mas o que fazer com as crianças? Criança precisa parar de tomar leite? Não. Criança necessariamente precisa tomar leite? Não. Vamos por partes!

Em primeiro lugar, quero registrar aqui que tudo muda o tempo todo no mundo da Nutrição. As pesquisas estão em ritmo acelerado e a cada pouco aparece uma novidade. Por isso, eu sempre penso muito antes de dizer qualquer coisa e estudo muito também, o que me faz mudar de ideia de vez em quando. Então pode ser que as coisas mudem bastante nos próximos meses ou anos, por isso devemos nos atualizar sempre!

Devemos consumir leite?

Eu considero o leite de vaca um alimento extremamente saudável. Esse alimento apresenta proteína de alto valor biológico (diferente da proteína dos vegetais, como a do feijão*), é fonte de cálcio, vitamina A, vitaminas do complexo B, fósforo, potássio, e outros nutrientes. Só vejo vantagens no consumo de leite de verdade, a não ser que a pessoa apresente alergia ou intolerância.

*O feijão aqui é apenas um exemplo, embora a sua proteína não seja de alto valor biológico, é um alimento extremamente saudável e importante.

Eu disse LEITE DE VERDADE. O que isso significa? É o leite que vem da vaca mesmo, de um sítio, fazenda. É o leite de antigamente. Que as pessoas ordenhavam para o próprio consumo, ou que se comprava de um pequeno produtor em galões ou garrafas.leite: saquinho, garrafa ou caixinha

Infelizmente, praticamente ninguém mais tem acesso a esse leite de verdade na área urbana.. Agora estamos à mercê dos produtos industrializados. No caso do leite, encontramos em caixinha, saquinho ou garrafa.

Qual tipo você compra na sua casa? Entenda: Os leites que compramos atualmente precisam passar por processos industriais, a fim de que sejam seguros para o consumidor. Para isso, a indústria usa dois tipos de processos: pasteurização ou ultrapasteurização.

Processo de pasteurização do leite

O leite pasteurizado

Comumente vendido em saquinho ou garrafas de plástico, é filtrado e aquecido a uma temperatura em torno de 70ºC, que mata micro-organismos nocivos (prejudiciais) à saúde, mas mantém as bactérias que fazem bem à digestão, como os lactobacilos.

Segundo a Associação Gaúcha de Nutrição, o leite é aquecido apenas para “matar” a carga bacteriana, mas preserva as características positivas.

Esse tipo de processo faz o leite se tornar seguro para o consumo, em um prazo de validade menor que o leite UHT (ultraprocessado), por isso deve ser conservado refrigerado ainda fechado.

O leite UHT (ultrapasteurizado)

É comumente vendido em caixinhas revestidas de alumínio (do tipo Tetra Pak). Passa por um processo de aquecimento também, mas a temperatura é praticamente o dobro, em torno de 130ºC.

Isso faz com que sejam eliminados todos os micro-organismos, inclusive aqueles que são saudáveis. Além disso, com essa temperatura ocorre uma perda bem maior de nutrientes. Outra situação importante: ele dura muito mais que o leite de saquinho/garrafa.

Em primeiro lugar porque “todas” as bactérias já foram eliminadas na ultrapausterização e, em segundo lugar, porque ele tem uma quantidade maior de conservantes e estabilizantes, por isso é chamado de “leite longa vida”.

Ele pode ficar meses nas prateleiras do supermercado sem estragar. O alumínio da embalagem ajuda a manter o leite seguro, torna a sua vida útil maior. Alguns estudos mostram os malefícios do alumínio para a saúde humana.

Boa parte dos alimentos industrializados são vendidos em embalagens revestidas de alumínio, pois esse material protege o alimento da luz, aumentando a sua durabilidade. A exposição humana ao alumínio está relacionada ao desenvolvimento de doenças crônicas, incluindo doenças ósseas, câncer e doenças neurodegenerativas como o Mal de Alzheimer.

Por isso devemos evitar ao máximo o consumo de alimentos industrializados. Estes, por sua vez, são prejudiciais por uma série de razões, incluindo a presença do alumínio nas embalagens (como alimentos enlatados, salgadinhos, biscoito recheado, etc…).

Leia também: Podemos substituir leite de vaca por leite vegetal?

Que tipo de leite podemos consumir?

Há ainda uma situação que me deixa muito triste, mas não posso deixar de mencionar: a adulteração do leite. Certamente você já viu na televisão e nos jornais que muitas empresas estavam ou estão (quem sabe?) adulterando o leite, na intenção de lucrar mais.

Diversas substâncias já foram encontradas no leite, como: ureia, soda cáustica, água oxigenada e cal. Isso é um absurdo, a que ponto chegamos? Isso é o me deixa na dúvida sobre consumir o leite, não tem nada a ver com a lactose.

Eu tenho medo do que realmente tem dentro daquele saquinho ou caixinha. Se fosse só o leite mesmo, eu diria: consuma o leite de saquinho ou garrafa – e não o leite de caixinha, que é mais industrializado.

Consumindo o leite em pó, evitamos boa parte da adulteração, mas aí tem a questão do processo de industrialização (onde se perdem nutrientes) e do alumínio.

O que fazer, então? Parece um beco sem saída, certo?

Infelizmente é mesmo. saquinho, garrafa ou caixinha - brócolisRecomendo então que seja utilizado de vez em quando o leite de saquinho ou de garrafa, evitando o de caixinha.

Procure por marcas que não tenham tido problemas com a fiscalização. Nos sites de busca da internet você encontra as informações sobre os escândalos das empresas.

E invista em outros alimentos que também são ricos em proteínas de alto valor biológico, como as carnes e ovos. Além de consumir produtos ricos em cálcio como o brócolis, gergelim, sardinha, couve, etc.

Quer aprender receitas práticas e saudáveis com estes outros alimentos?

Então você precisa conhecer o ebook que eu e a Michele criamos. Este ebook tem mais de 150 receitas práticas e saudáveis. Além de sugestões de cardápios, dicas de conservação de alimentos e muito mais!

Nós aliamos meu conhecimento como nutricionista e a experiência dela de mãe para solucionar as dificuldades que as mães e famílias apresentam na hora de organizar as refeições dos filhos. Para saber mais sobre este ebook é só clicar no botão abaixo.

Varie muito os alimentos que você e sua família consome, eu penso que essa é maior forma de comer com segurança e alegria!

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foto NataliaA nutricionista e coach Natalia Stedile é especialista em Nutrição Clínica e Estética (2011) e em Nutrição Clínica Personalizada (2012). Mestra em Biotecnologia (2014). Atualmente é nutricionista clínica e professora no curso graduação em Nutrição na Faculdade da Serra Gaúcha. Tem experiência na área de nutrição e saúde coletiva, com ênfase em atendimento clínico, atuando principalmente nos seguintes temas: obesidade, doenças crônicas não transmissíveis, reeducação alimentar e comportamento alimentar. Aqui no blog, escreve textos com dicas sobre nutrição infantil.

Os trigêmeos da Fabiana

De Santo André-SP, Fabiana de Oliveira Lima, 33 anos, e o marido Rodrigo Lima, 34, tentaram por dois anos engravidar através de tratamento de fertilização in vitro (FIV). No total, foram 9 FIVs e muitos exames negativos e questionamentos. Na 9ª tentativa, o casal transferiu dois embriões, mas acabou tendo trigêmeos! Vem conferir essa história!

trigêmeos da Fabiana

“Eu fiz 9 tentativas de FIV entre 2013 e 2014. Quando descobrimos a nossa dificuldade em engravidar, a mãe do meu afilhado me deu o contato de uma médica que já tinha feito FIV em duas mulheres da família dela e tinha dado certo. Mas, por algum motivo, não procurei essa médica. Busquei na internet alguns lugares de referência e descobri uma clínica de reprodução humana dentro de uma faculdade de medicina. Os tratamentos pareciam ser mais baratos por se tratar de alunos assistidos pelos professores. Mas todo o procedimento é feito pelo professor, os alunos fazem as consultas, exames e investigação dos casos.

Fiz todos os exames que você possa imaginar e então comecei as tentativas. Foram 3 vezes seguidas com um intervalo de um mês de uma para outra. Na segunda tentativa, cheguei a ter um exame Beta HCG positivo, porém depois de dois dias (quando tinha que repetir o Beta) ele já veio negativo. A resposta que eles me deram foi que por algum motivo o embrião não conseguiu de instalar.

Após essas três tentativas, no mesmo ano ainda (2013), procurei uma clínica particular, onde o médico disse que além de tudo que já vinha sendo feito ele iria fazer a biopsia de endométrio. Segundo ele, com essa biopsia o embrião teria mais chances de se instalar. Nessa clínica particular eu fiz mais três tentativas sem sucesso, sendo que terceira tentativa também tive um Beta positivo que depois negativou. Como o tratamento é super caro, resolvi voltar para a clínica anterior, onde fiz mais duas tentativas no ano seguinte, sem sucesso algum. O diagnóstico foi problema de implantação.

Bom, depois disso, resolvi ter um tempo pra mim. Viajar, curtir o marido, porque quando estamos focados nesses tipos de tratamento nada mais faz sentido. Resolvi retomar a minha vida e esperar o momento de Deus.

A 9ª tentativa

Em agosto de 2014 abri uma gaveta e achei o cartão daquela médica que a mãe do meu afilhado tinha me dado. Quando achei o cartão eu me perguntei: ‘Por que será que nunca fui nela?’. Resolvi ligar e marcar a consulta.

Quando fui para a consulta levei todos meus exames anteriores. Ela analisou tudo e me disse: ‘Você só sairá daqui grávida!’. A única coisa que ela disse que ia fazer diferente era aumentar a quantidade de hormônio que eu iria tomar. Fui pra casa, pensei, conversei com meu marido e decidimos juntos que aquela seria a última tentativa.

O tratamento foi um sucesso. Resultado: 7 embriões de ótima qualidade congelados e 2 embriões ‘top de linha’ transferidos. Depois de 15 dias da transferência de dois embriões, veio o resultado positivo do Beta. Ficamos muito felizes, porém, com tantos resultados negativos, resolvemos manter os pés no chão e aguardar o segundo exame. Este também deu positivo, que confirmou a gravidez! Como a taxa hormonal estava baixa, a médica me disse que provavelmente somente um embrião havia desenvolvido. Fiquei muito feliz pelo resultado positivo. Não estava preocupada se seria um ou mais.

trigêmeos da FabianaEntão veio a primeira ultrassonografia, onde vimos dois sacos gestacionais. Portanto eram gêmeos! Minha felicidade só aumentou. Me sentia muito abençoada. Quando marcamos a ultrassonografia pra ouvir os corações é que veio a maior surpresa de todas: ali dentro batiam três corações! Um dos embriões se dividiu. Teria uma gravidez trigemelar sendo dois idênticos, na mesma placenta, e um diferente, de placenta diferente. Quando descobrimos, eu fiquei sem ação, super assustada. O medo tomou conta de todos os sentimentos que eu tinha. Demorei alguns dias pra absorver que seriam três crianças.

Depois desse sucesso que foi a 9ª FIV, muita gente me pergunta se tenho raiva, ou se fiquei brava com os médicos que passei anteriormente. Sinceramente, e do fundo do meu coração, não sinto nada disso. O que sinto é que eles também ajudaram nesse sucesso, pois quando cheguei na última médica todos os exames já haviam sido pedidos. Acredito que esse era o momento de Deus. Deus me guiou e me colocou nas mãos dela quando tinha que ser.

A gestação dos trigêmeos da Fabiana

Tive uma gravidez super tranquila. Me sentia super bem e disposta. Os repousos que eram obrigatórios pela minha médica não foram seguidos. Fazia de tudo. No quarto mês de gestação eu parei de trabalhar. Mas só parei porque a médica pediu, porque eu me sentia super bem.

trigêmeos da Fabiana - barrigão 32 semanas

Eles nasceram de 32 semanas e 1 dia. Esse tempo de gestação foi programado desde o início. Como as meninas dividiam a mesma placenta e a mesma bolsa, o risco de estrangulamento do cordão das duas era muito alto. O que é o mais comum é que esses fetos da mesma placenta tenham cada um a sua bolsa, mas isso não aconteceu comigo. Quando um embrião se divide, isso pode acontecer em fases diferentes. No meu caso foi tardio e não ficaram em bolsas separadas. Se ele tivesse demorado mais dois dias para a divisão, minhas meninas poderiam ter sido siamesas.

Leia mais sobre as fases de divisão do embrião em: Trigêmeos Idênticos?

Conforme minhas meninas se mexiam esses cordões iam se entrelaçando e com a diminuição do espaço na barriga esse risco aumentava cada vez mais. Mas para esse risco eu nada poderia fazer além do repouso e acompanhamento semanal através do ultrassom. Como com 32 semanas já era uma idade gestacional razoável para o parto, não íamos levar mais pra frente e correr o risco de perder as duas meninas.

No dia 6 de maio de 2015, meus trigêmeos nasceram. Manuela foi a primeira a nascer com 1,575 kg e 41 cm. Depois veio a Lorena com 1,475 kg e 37,5 cm e por último veio o Pedro com 1,225 kg e 39 cm. Eles foram direto pra UTI neonatal. Lorena ficou 30 dias, Manuela ficou 37 dias e o Pedro 42 dias. O período de UTI foi muito difícil. O medo e o sentimento de incapacidade tomaram conta de mim. Mas graças a Deus eles venceram todas as batalhas.

trigêmeos da Fabiana - recém-nascidos

Até os 6 meses deles eu tinha uma faxineira de segunda a sexta que me ajudava a tomar conta da casa. Fazia almoço, limpava a casa, lavava e passava roupa. Meu marido e eu tomávamos conta das crianças. Meu marido trabalhava em casa e isso ajudou muito. Com 8 meses, eles foram para escola, eu voltei a trabalhar fora e a faxineira foi embora. Eles estão com 1 ano e 8 meses e ficamos só eu e o marido quando eles voltam da escola. Hoje tenho uma moça que trabalha duas vezes por semana pra cuidar da casa.

Nunca confundi eles. Mesmo as meninas sendo idênticas eu acho elas bem diferentes. Mas para as outras pessoas eu sempre falo que a Lorena tem o rosto mais fino. Além disso, a Lorena tem um manchinha nas costas”.

Parabéns, Fabiana e Rodrigo, pela persistência e fé. Aqui no blog você pode conferir a história dos trigêmeos da Andréa, que também passou por 8 FIVs até trocar de médico e conseguir engravidar:

Os trigêmeos da Andréa

Você também tem trigêmeos ou mais múltiplos e gostaria de contar sua história? Escreve um email para contato@ostrigemeosdamichele.com.br e eu te digo o que fazer. Até mais!

Leia mais histórias de famílias com trigêmeos

Medo infantil: você assusta seus filhos?

medo infantilÉ muito comum que os pais, avós ou cuidadores vez ou outra façam uso de figuras ou personagens para assustar as crianças em troca de obediência. Para que a criança escove os dentes ou vá dormir na hora certa, dizem que ‘a bruxa vai pegar’, que ‘o bicho-papão está embaixo da cama’. Mas será que é saudável psicologicamente usar o medo infantil? Você assusta seus filhos para que eles façam o que você quer?

Recentemente, ao tentar colocar os meninos para dormir, eles me responderam que tinham que ir porque senão uma bruxa iria pegá-los. Na hora desconfiei que nossa babá estivesse inventando essa figura da bruxa para que fossem dormir ou respeitar as ordens dela. Naquele momento, fiquei chateada. Achei que não era assim que eu queria criá-los: com medo de algo que não existe. Só que, mais tarde, já desesperada porque eles não queriam me obedecer para ir dormir, testei a eficiência da tal bruxa. Exclamei: “- Vou chamar a bruxa para ela ver que vocês não querem ir dormir”. Eles se entreolharam e um foi mandando o outro ir dormir, até que todos fossem. Me senti culpada, mas, naquele momento, vi a bruxa como uma boa aliada na obediência dos meninos.

Lidando com o medo infantil

Preocupada com o medo que essa figura poderia trazer à vida deles, resolvi conversar com a psicóloga e consultora em psicologia educacional Maísa Lanzarin. Ela me disse que alguns tipos de medos fazem parte do desenvolvimento infantil, mas não é recomendado que se utilize disso para obter obediência por parte dos pequenos. “A criança vai passar por medos de bruxas, do escuro, máscaras, barulhos, etc. Todos esses medos são normais e fazem parte de determinadas fases do desenvolvimento. No entanto, utilizar-se disso para que a criança obedeça ou coopere em situações do dia-a-dia acaba por trazer um sofrimento desnecessário à criança, agravando a situação. Espera-se exatamente o contrário, que os pais acolham os filhos quando estes apresentarem seus medos”, explica.

Maísa alerta que as histórias infantis são adaptativas. Elas ajudam a criança a elaborar algumas questões que ela possa vivenciar de forma lúdica e com uma linguagem própria para seu entendimento. A criança entende a figura da bruxa naquele contexto, naquela situação da história, e a personagem deve ser mantida lá. “Dizer para a criança que a bruxa vai pegar se não dormir ou tomar banho, trazendo o personagem fictício para situações cotidianas pode trazer prejuízos. A criança concorda em tomar banho por medo da bruxa mas ao mesmo tempo pode começar a ter medo de ficar no banheiro sozinha, por exemplo. Ou concorda em ir dormir porque a bruxa vai pegar mas passa a ter medo de dormir com a luz apagada. Se o objetivo é obter cooperação por parte da criança, é mais interessante prometer ler uma história se todos forem para a cama no horário combinado, por exemplo”.

Leia também: Emoção ou Trauma?

Bem, cheguei a conclusão que, ao me livrar de um problema, estaria criando outro. Aboli totalmente a ideia da bruxa e tenho feito negociações para que durmam. O que tem dado certo aqui é avisar cerca de 30 minutos antes do horário que é para eles irem se preparando porque dali a pouco eu os chamarei para dormir. A cada 10 minutos eu aviso que está quase na hora e que é para irem dando tchau para os brinquedos. Não funciona em 100% das vezes, mas em geral tem dado certo.

E por aí? Como vocês fazem?

Até mais!