Dicas para enfrentar a UTI neonatal

Essa tarde precisei ir até uma farmácia comprar mais antitérmicos para as crianças. Moramos bem próximo a um dos principais hospitais da cidade, e é lá que costumo ir à farmácia, já que a mais próxima daqui fica justamente dentro desse hospital. Caminhando pelas dependências do hospital, é inevitável sentir todas as lembranças que construí naquele local, em especial na UTI neonatal, em outubro de 2013.

Há cerca de três anos, me descobri grávida de trigêmeos. Durante toda a minha gestação, a minha maior preocupação era com o parto prematuro. Eu sabia que seria quase impossível ter meus bebês sem precisar passar pelo período da UTI neonatal. Apesar de toda a esperança que eu tinha, todos os dias eu sofria com o medo de a hora do parto chegar muito cedo e as poucas vagas de UTI desse hospital estarem preenchidas. Além desse, havia UTI neonatal somente em um outro hospital particular da cidade, mas também eram poucas. O hospital público tinha diversas vagas, mas aí eu precisaria passar pelo parto com o plantonista. Nem preciso dizer que morria de medo de não ser a minha médica obstetra a fazer meu parto. Aquela que havia me acompanhado e orientado tinha que ser a que ia estar presente no nascimento! Acabou dando tudo certo e conseguimos as vagas. Mas ser mãe de UTI não é nada fácil.

Porque o medo da UTI neonatal

Considera-se parto prematuro, o parto realizado antes de completar 37 semanas de gestação. O parto prematuro é a realidade de muitas mamães de múltiplos. Por inúmeros fatores, os bebês acabam vindo ao mundo antes da hora. No caso das gestantes de gêmeos, trigêmeos ou mais, o principal motivo para o parto prematuro é a falta de espaço, que acaba forçando muito o colo do útero, que encurta e começa a forçar o nascimento. Além disso, a quantidade de bebês pode fazer com que a bolsa de um deles estoure mais precocemente. Mas a prematuridade não é exclusividade da gestante de múltiplos. Existem diversos fatores que contribuem para um parto prematuro. As principais causas são ruptura de bolsa, contrações precoces e hipertensão.

Gestantes que já sofreram algum aborto durante o segundo trimestre da gravidez, ou apresentam algum problema uterino como mioma, também correm o risco de um parto prematuro. Isso sem falar no abuso de álcool e drogas durante a gestação. Porém, muitas mamães têm parto prematuro sem apresentar nenhum fator de risco justificável.

UTI neonatal Murilo

Murilo em sua incubadora.

Se a prematuridade é uma realidade sua, separamos 8 dicas que podem lhe ajudar a enfrentar essa rotina nada fácil da UTI neonatal. Você precisará ter forças para superar as dificuldades.

8 dicas para enfrentar a UTI neonatal

1) Crie uma rotina. Cada hospital tem uma rotina de amamentação e banho, por exemplo. Organize-se. O hospital vai explicar como funciona o lactário e você passará bastante tempo lá. Você também precisará dormir, pois seu bebê precisa de você bem. Procure esquematizar seus horários com os da UTI para que você possa descansar, pois até a sua produção de leite irá se beneficiar disso e ela é muito importante, principalmente no início.

2) Quando for para casa no fim do dia, durma. Sei que é difícil dizer para relaxar e descansar quando estamos com filhos no hospital, mas você precisa se recuperar do parto e dormir é a melhor pedida. A maratona dentro do hospital é muito cansativa. Física e mentalmente.

3) Alimente-se bem. É muito importante para o bebê que a mamãe esteja bem fisicamente, pois a rotina da UTI é bem puxada e você precisará estar bem saudável.

4) Pergunte tudo! Envolva-se com a equipe da UTI para estar sempre por dentro da saúde do bebê. Assim você vai fiscalizar o trabalho deles e estar sempre por dentro quando ele demonstrar alguma mudança no quadro clínico. Pergunte como está o seu bebê hoje, se mudou alguma coisa no estágio dele, se existe um problema, o que está provocando, que exames estão sendo feitos, quais remédios estão sendo administrados e para que servem e o que você pode fazer para ajudar a cuidar do seu filho.

5) Realize o método “Mãe Canguru”. É um método conhecido como “cuidado de mãe” indicado para bebês de baixo peso. Permite um contato precoce, realizado de maneira orientada, e favorece um controle térmico melhor, diminuição de infecção hospitalar, estimula o aleitamento materno, diminui o tempo de separação mãe-filho, evitando assim longos períodos sem estimulação sensorial.

6) Esteja em sintonia com o seu parceiro. Talvez ele não reaja tão bem a esse momento como você. Talvez você não saiba como reagir à esse difícil momento. Conversem muito entre si e procurem conforto um com o outro. Vocês precisam do apoio um do outro mais do que de outras pessoas e juntos vão conseguir superar esse desafio.

7) Procure ajuda e não tenha vergonha em aceitá-la. A rotina hospitalar é exaustiva. Não fique com vergonha de chorar ou por não se achar forte. Não seja durona com você mesma. Procure a ajuda de um especialista ou até mesmo de um amigo para desabafar. Muitos hospitais têm psicólogos(as) disponíveis, principalmente nas seções de UTI neonatal, pediátrica e adulta para atender os familiares nesses momentos difíceis. Você vai se sentir melhor em dividir com alguém suas angústias e preocupações. Eu conversei com a psicóloga do hospital um dia que os meninos não estavam se alimentando bem e resolveram recolocar a sonda gástrica. Eles já estavam mamando na mamadeira mas, para não perderem peso, os médicos preferiram colocá-los de volta na sonda naquele dia. Pensei que eles estavam regredindo e me apavorei. Foi ótimo buscar conforto com a psicóloga.

8) Viva um dia de cada vez. Os primeiros dias são os piores, então tenha calma. Cada dia é um dia. Se hoje não foi bom, amanhã poderá ser melhor. Cada grama que o bebê ganha é motivo de comemoração. Tente controlar a ansiedade e celebrar cada pequena conquista. Logo logo vocês irão para casa.

Até mais!

*Colaborou: Monique Fena de Paula.

3 comentários

  1. Avatar
    Jaqueline Almeida

    Ai Michele minha bb nasceu de 33 semanas, bolsa rompida… e posso dizer que passei meus piores e melhores dias dentro da UTI… Graças a Deus ela está linda, com 3 meses e meio…
    Os dias de UTI não são nada fácil, dormi todos os dias ao lado dela, ela tb voltou com a sonda por conta de uma infecção adiquirida… Que Deus abençoe todas as tentantes, gestantes e os guerreirinhos de UTI… a amiguinha dela nasceu com 700 gramas, está linda, sem nenhuma sequela…

    1. Michele Kaiser

      É um mix de alegria e tristeza, né? Uma dor e um amor muito fortes. Que bom que não ficou sequelas na amiga. Parabéns por ter vencido essa etapa. Beijos!

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